Dificuldades na sucessão

Dificuldades na sucessão

Partidos não encontram candidatos em quantidade e qualidade para a disputa eleitoral

Quem pensa que a principal dificuldade das eleições de outubro deste ano será a falta de dinheiro está longe de perceber problemas muito mais sérios, provocados basicamente pela falta de credibilidade em que se enfiaram políticos e partidos.

Senão vejamos: Ribeirão Preto tem já três candidatos a prefeito, mas apenas dois candidatos a vice. A cidade poderia também ter 123 candidatos a vereador após a realização das três convenções, mas tem 80. Apenas a coligação PCdoB/PT apresentou chapa completa para eleições proporcionais.

Partido considerado pequeno, o PSOL lançou 13 candidatos à Câmara Municipal, sem coligações. Já o PSD, que governa Ribeirão Preto, conseguiu apresentar apenas nove nomes para a disputa de uma cadeira na Câmara. E olha que o partido tem hoje quatro vereadores, com três na disputa da reeleição.

Há algo pior. O PSD ainda não chegou a um consenso sobre o nome que deve lançar a vice-prefeito, na chapa encabeçada por Rodrigo Camargo. Parece muito sério que o governo chegue a uma conenção partidária sem ter sequer um candidato a vice.

Em situação quase equivalente está o PT, partido mais atingido pelas denúncias de recebimento de propina para campanhas eleitorais, em nível nacional. Depois de disputar oito eleições municipais em Ribeirão Preto e vencer duas, o partido do ex-presidente Lula vai de coadjuvante no pleito deste ano.

Além de deixar de lançar candidato próprio a prefeito, o partido assumiu publicamente que não teria 41 nomes para lançar uma chapa completa de vereadores. Vai de coligação, com 19 nomes na disputa.

A crise de credibilidade é tanta que grandes legendas aguardam, ansiosamente, a decisão do PMDB. Pelo tempo de rádio e TV e pela influência de parte dos candidatos peemedebistas. A falta de vice para Rodrigo Camargo pode residir justamente numa esperança de coligação com o partido do deputado federal Baleia Rossi.

A sensação que se tem é que a falta de credibilidade pode levar a uma campanha estranha, triste e pobre. Culpa dos políticos que conseguiram acabar com o pouco de crédito que lhes restava.

COLIGAÇÕES E APOIOS
Em meio às convenções por escolhas de candidatos, o pré-candidato do PSDB Duarte Nogueira recebeu na sexta-feira, 22, o apoio de mais um partido. O DEM, antigo aliado de outras disputas, anunciou oficialmente que apoiará a candidatura tucana. Também o PP anunciou formalmente seu apoio. Outros que estão na aliança são PHS, SD, PTC e PPS. Há mais duas legendas na alça de mira.

CRÉDITO
Por falar em credibilidade, um dos slogans de campanha, a do candidato Rodrigo Camargo (PTB) é justamente #euacredito. Faz sentido. O candidato é novo e está em sua primeira disputa. Mas é sempre bom lembrar que o mote remete à campanha de 2008 com o “vale a pena acreditar, na força desta mulher”, da prefeita Dárcy Vera (PSD), que hoje apoia o petebista.

VETO
A prefeita Dárcy Vera vetou uma lei complementar, cujo projeto foi apresentado pelo vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sob a alegação de inconstitucionalidade. A lei em questão permitiria a “fusão de cargos do quadro de pessoal constantes do estatuto do magistério público municipal”. Convenhamos que a organização dos servidores é mesmo uma função exclusiva do Executivo. Senão vira bagunça.

PORRETE GUARDADO
Há muitos políticos por aí que terão que esconder seus porretes debaixo da mesa, em função de coligações de seus partidos com outros. Quem criticou duramente o governo estadual, por exemplo, pode estar em uma coligação tucana e terá que engolir em seco. Em Ribeirão Preto pelo menos dois partidos nesta situação. E há os que já caminharam juntos de governos e que agora, em nome do voto, posam de opositores. Como o povo não conhece, pode até compra-los.

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