
Doces palavras
Época de campanha eleitoral não é, nem de longe, momento de o candidato se indispor com quem quer que seja. Muito menos com classes ou setores que podem influenciar pessoas. Com formadores de opinião.
Durante esta semana os exemplos foram claros durante visitas à Agrishow. O início foi na segunda-feira, quando o governador Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à reeleição, participou da feira e só falou o que os representantes do agronegócio queriam ouvir.
O tucano relatou medidas tomadas por seu governo, mesmo que há vários anos, em outros mandatos, de reduzir o ICMS do etanol. Também relançou o Museu da Cana, que já havia sido anunciado no ano passado. Além, é claro, dos elogios aos empresários.
No dia seguinte (terça-feira, 28) foi a vez de outro pré-candidato ao governo paulista, desta vez Paulo Skaf (PMDB), visitar a feira e cortejar empresários do setor. Presidente da Fiesp, defendeu como sempre faz, o setor industrial, um dos fortes elos da cadeia produtiva do setor rural.
Já na quarta-feira, dia 30 foi o senador e pré-candidato do PSDB a presidente da República Aécio Neves falar o que os empresários queriam ouvir. Depois de dizer que será o candidato do agronegócio, assegurou que quem fará a interlocução com setor será ele próprio, caso seja eleito.
Sobre uma possível flexibilização na jornada de trabalhadores rurais ele evitou falar. Até porque o palanque não era o mais adequado.
No feriado de 1º de Maio, o ex-prefeito paulistano e possível candidato ao governo paulista Gilbert Kassab (PSD), esteve também na Agrishow e afirmou que vai transformar Ribeirão Preto na meca dos grandes produtores rurais e no berçário da tecnologia rural.
Prometeu, se eleito, ampliar o prazo de comodato da área onde a feira é realizada para 50 anos (em 2012 foram concedidos 30 anos). Também assegurou que transformará o local em espaço para vários eventos, durante todo o ano.
O pré-candidato petista ao governo paulista, ex-ministro Alexandre Padilha, não teve motivos para agir diferente. Até porque queria que seu candidato a vice fosse exatamente o presidente da Agrishow, Maurílio Biagi Filho.
Em outras ocasiões Padilha já demonstrou apreço ao setor do agronegócio, principalmente o sucroenergético, apesar de os empresários criticarem durante o governo federal, que é de seu partido.
O comportamento mostra que a valorização, nesta época, não é apenas do eleitor comum, mas também de lideranças que possam influenciar (e muito) na disputa eleitoral.
Resta saber se os eleitos conseguirão manter as promessas e compromissos no exercício do mandato. Parece que querer isso é exigir demais.