É só pra irritar?

É só pra irritar?

Em assunto polêmico, pequenas afirmações podem virar grandes provocações

O anúncio, pela Prefeitura, de que vai iniciar “em breve” ou “nas próximas semanas” as obras das estações de embarque e desembarque no entorno da Catedral Metropolitana (menos na rua Florêncio de Abreu), mesmo sem ter o aval do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) parece ter um objetivo claro: irritar os que se opõem à proposta.

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Senão, vejamos: No contrato de concessão do transporte coletivo estão previstos mais oito estações de embarque e desembarque que nem são discutidas no momento. A Prefeitura não fixa uma data para as obras. Não diz se é em setembro, outubro ou no próximo ano. Por que, então, dizer que vai fazer?

A intenção da Administração Municipal de construir ali as estações é claríssima. Não é preciso ficar reafirmando isso como proposta para “breve” ou “em semanas”. O anúncio pode não ter irritado opositores, porque aparentemente eles confiam que o Condephaat irá impedir as obras.

A discussão do assunto é polêmica. Demais até. A simples intenção levou a Câmara a criar uma Comissão Especial de Estudos (CEE) e a votar uma lei municipal com nítidas suspeitas de inconstitucionalidade, para proibir construções naquela região.

Tanto que a prefeita Dárcy Vera (PSD) vetou a lei, a Câmara derrubou o veto e um decreto do Executivo já determinou o descumprimento da legislação. O próximo passo da prefeita é ir ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) defender a inconstitucionalidade da lei. Aparentemente conseguirá seu intento.

E tão polêmico é o assunto que já motivou uma celebração encerrada com um abraço simbólico à Igreja. Também se transformou em assuntos discutidos em missas pelas paróquias da cidade e até um abaixo-assinado com mais de 20 mil apoiadores. É um vespeiro.

E se a polêmica existe, por que insistir em um assunto ainda não resolvido? Parece ser uma tática para manter o assunto em discussão ou para reafirmar que o Executivo pode, assim que quiser, construir as estações.

O resultado pode fugir do esperado. A partir da declaração, o Condephaat passou a ser mais questionado e a explicar melhor suas exigências. E garantiu, diferentemente do que afirma a Prefeitura, que o lado deve abranger as ruas Florêncio de Abreu, Américo Brasiliense e Visconde de Inhaúma.

Novos lances desse jogo ainda ocorrerão nas próximas semanas. Sem envolver, claro, os principais interessados: os já sofridos usuários de um transporte coletivo deficiente.

NOVA CONVOCAÇÃO
Incluído no meio dos demais requerimentos, um que convoca o secretário municipal da Saúde, Stênio Miranda, para prestar esclarecimentos à Câmara sobre o atraso de repasses à Santa Casa de Misericórdia. Bertinho Scandiuzzi (PSDB) se aproveitou do “cochilo” da base aliada para aprovar o requerimento. No mês passado o tucano tentou aprovar a convocação, para explicar atrasos de pagamentos à Beneficência Portuguesa. Mas naquela ocasião o líder do governo na Câmara, Genivaldo Gomes (PSD), estava acordado e pediu a votação em separado e o requerimento foi rejeitado.

DÍVIDA DE R$ 2,2 MILHÕES
Em carta enviada ao vereador, a Santa Casa informa que os pagamentos não são feitos há cinco meses, desde a parcela vencida em 5 de maio. São cinco notas vencidas, que somam um total de R$ 2,26 milhões. Ainda assim, o hospital informa que não paralisou atendimentos e até os ampliou. Mas pode parar.

LEVE AMEAÇA
Na carta, assinada pelo diretor-superintendente Marcelo Di Bonifácio, a Santa Casa faz uma leve ameaça de suspensão dos atendimentos. Diz que “não é possível continuar prestando serviços sem receber integralmente pelos mesmos, ainda mais que incorporamos custos e acumulamos compromissos financeiros”, registra trecho do texto, que ainda informa as tentativas de negociação estão esgotadas.

CERVEJA LIBERADA
Agora é oficial. A prefeita Dárcy Vera (PSD) sancionou e publicou no Diário Oficial do Município desta quinta-feira, dia 10, a lei que permite a venda de cerveja nos estádios de futebol e conjuntos desportivos. Assim, já no jogo de domingo, como pretendia, o Botafogo já poderá vender a bebida no interior do estádio Santa Cruz.

ELE DISSE
“Esse projeto é o principio da igualdade. Quem não tem condições de colocar placas poderá concorrer de igual para igual”
Walter Gomes (PR), vereador em Ribeirão Preto, ao defender a lei aprovada que proíbe a colocação de placas de propaganda eleitoral em imóveis particulares.

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