
E as tais reformas?
O Brasil precisa de reformas. Política, tributária, estrutural do sistema federativo etc. O governo sabe, a oposição sabe a classe empresarial sabe e parte do povo, também. O que falta, então, para que elas ocorram?
Parece que falta povo na rua, como ocorreu neste domingo, dia 15. O povo foi às ruas pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), pelo menos em sua maioria, porque não se manifestou antes por reformas, principalmente política.
Ante do encerramento dos protestos, o governo foi a público se comprometer em realizar reformas e anunciar medidas de combate à corrupção. E, pasmem, defender o fim do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, “a porta aberta da corrupção”.
É bom que se tenha chegado a tal termo. Porque a maioria do empresariado não financia campanha por ideologia. Eles querem retorno no futuro. É neste momento que o financiamento fica público. É dinheiro do eleitor indo para cofres privados.
O contribuinte paga também pela campanha em busca de seu próprio voto. E com excessos. Para vencer a eleição, muitos partidos e candidatos gastam muito mais que o razoável. E é preciso pagar a conta, mesmo que com meses de atraso, após a posse.
Já na iniciativa privada, por maior que seja a concorrência, os recursos publicitários são medidos, para que o consumidor tenha bons preços no produto final. Caso contrário a concorrência leva vantagem.
Então, com uma boa reforma política que force a redução de famintos partidos nanicos, acabe com coligações incoerentes e crie um equilibrado financiamento público de campanha, a corrupção pode se reduzir.
Mas é preciso incluir a sociedade na discussão. É preciso fazer o eleitor se interessar por política, a ponto de ele não ser apenas um votante a cada dois anos, mas um fiscalizador dos atos dos políticos.
Com o fim do ralo eleitoral que leva recursos de roldão, é possível fazer uma reforma tributária que alivie o contribuinte. Ou ao menos que devolva a ele, em forma de serviços, a contribuição efetivada.
Se a carga tributária consegue manter o País funcionando, já é possível modificar o pacto federativo para reduzir a concentração de recursos nas mãos da União, que já se tornou outra fonte de corrupção.
Não, não é fácil operacionalizar tudo isso. Principalmente quando quem tem o poder de fazer não está “interessado”. Então serão necessários muitos outros protestos. Com claros motivos e reivindicações realizáveis, claro.
Até que o discurso vire prática.
APROVEITADOR
Enquanto um dos oradores do protesto de domingo se vangloriava de ter levado a multidão às ruas sem pagar por isso - já que nas manifestações de sexta-feira, 13, ocorreram denúncias de pagamento a participantes -, um jovem disse que havia ido ao local de graça, mas que se alguém desse dinheiro ele aceitava.
NÃO ENTENDEU
Ele não deve ter entendido que o protesto era, também, contra a corrupção. E por uma causa coletiva e não individual.
NO CARTAZ
Registrado em um cartaz da manifestação: “Presidente Dilma, antipatia é como Aids, depois que pega não tem cura”