Efeito Sevandija

Efeito Sevandija

Pareceu mais um tsunami. Quem nunca pensava perder a eleição para vereador em Ribeirão Preto foi derrotado nas urnas. Uma avalanche provocada pela Operação Sevandija, que investiga fraudes em licitações da Prefeitura, autarquia e empresa pública e na Câmara Municipal, incluindo a suspensão de nove vereadores – Bebé (PSD), Capela Novas (PPS), Cícero Gomes da Silva (PMDB), Genivaldo Gomes (PSD), Giló (PTB), Maurílio Romano (PP), Saulo Rodrigues (PRB), Samuel Zanferdini (PSD) e Walter Gomes (PTB). Dos suspensos das funções públicas pela Justiça, acusados de tráfico de influência e de recebimento de propina, apenas Capela Novas foi reeleito, mas com a menor votação entre os escolhidos para ocupar a Câmara a partir de 2017. Não é só. Um dia após as eleições, na segunda-feira, 3, foram divulgadas gravações telefônicas autorizadas pela Justiça em que Capela Novas conversa com um possível cabo eleitoral sobre o apoio de traficantes de drogas para sua campanha. Essa pessoa também diz que colaborará com doação de dinheiro a uma quermesse, o que pode configurar crime eleitoral. Os demais suspensos tiveram a votação reduzida em até 90%. Cícero Gomes da Silva simboliza bem o que ocorreu. Depois de nove eleições consecutivas – a primeira em 1976 – perdeu mais de 50% dos votos (4.141 para 2.000), em relação à eleição de 2012, e ficou fora da Câmara. Era quase impensável uma derrota do vereador, que parecia ter os votos cativos para cada eleição. Walter Gomes é outro. Está em seu quinto mandato, mas não conseguiu a reeleição. Foi um recado. Há um espaço enorme para a reflexão dos punidos pelas urnas e um alerta aos que começam no ano que vem. O eleitor está mais atento. É preciso mudar a forma de atuação política. O espaço para o vale-tudo está cada vez menor.

PRESSÃO E RENÚNCIA
Por conta da suspensão, impossibilidade de convocação de suplentes e, logo, não votação das contas rejeitadas da prefeita Dárcy Vera (PSD), a 1ª secretária da mesa diretora da Câmara, Viviane Alexandre (PSC), que exercia o cargo de presidente interina, renunciou à função.

PAUTA TRANCADA
Em função de manobras dos governistas antes da suspensão, as contas da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera, não foram votadas. Por isso, a pauta da Câmara Municipal está trancada. Isso significa que os novos projetos só serão votados após a deliberação sobre as contas. Para aprovar ou rejeitar, são necessários 15 votos e a Câmara só tem 13 vereadores.

CASSAÇÃO COLETIVA
O conselho de ética da Câmara analisa um pedido de cassação dos nove vereadores suspensos, mas enfrenta dois problemas: não pode convocar os acusados para defesa — já que não podem entrar no prédio do Legislativo — e nem tem 15 vereadores necessários para aprovar ou rejeitar a cassação. Além disso, dois vereadores que estão entre os suspensos fazem parte da comissão, Saulo Rodrigues e Maurílio Romano.

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