ELEIÇÃO ‘ESCONDIDINHA’

Guto Silveira

10 Set 2015 14:20

Os vereadores de Ribeirão Preto decidiram que a campanha eleitoral do próximo ano será quase secreta. Na cidade onde a pintura de muros com nomes de candidatos já é proibida desde 2012, a Câmara aprovou projeto que proíbe também a colocação de placas em imóveis particulares, uma das poucas formas de divulgação principalmente de candidatos proporcionais (vereadores). O projeto, que resultou em um substitutivo aprovado por 12 votos a 10, é de autoria do vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB). O argumento dos favoráveis à ideia é que com a proibição a cidade ficará mais limpa. Houve quem disse que a falta de recursos para a confecção de placas é o principal motivo. São alegações válidas, muito válidas, mas também é correto sustentar que a campanha “escondidinha” é fruto da vergonha que os políticos sentem em pedir votos, já que a classe anda bastante desacreditada em função de ações da maioria. O que poderia ser uma festa de civilidade vira um ato envergonhado. Há ainda a tentativa de dificultar a primeira eleição de candidatos, que terão menos formas de divulgação. Podem até negar, mas esse é um objetivo importante.

CERVEJA LIBERADA
Os vereadores de Ribeirão Preto aprovaram a venda de cerveja em estádios e conjuntos poliesportivos em dias de jogos. O projeto foi uma solicitação das diretorias do Botafogo e do Comercial, apresentado pelo vereador Walter Gomes (PR). Os dirigentes alegaram que os torcedores já bebem próximo à entrada dos estádios, nos denominados corredores do álcool, com bebidas vendidas por ambulantes. Isso até atrasa a entrada das pessoas no estádio. A proposta, que não prevê a venda de outras bebidas alcoólicas, recebeu o voto contrário apenas da vereadora Gláucia Berenice (PSDB). Presente ao plenário, o vereador Saulo Rodrigues (PRB), que também é pastor evangélico, não votou.

NA GAVETA
Há quase um ano parado na Câmara, o projeto de revisão do Plano Diretor, enviado pela Prefeitura, segue seu passeio por gavetas do Legislativo. Parece que poucos se preocupam em atualizar leis que cuidam do planejamento da cidade. Sem contar que a cidade tem que utilizar uma lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo de 2007, porque a revisão foi considerada inconstitucional. O “descompromisso” da Câmara levou a prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), a reunir vereadores e pedir que a votação seja acelerada. Homenagens, mesmo com quórum de dois terços, são aprovadas com facilidade. Já assuntos mais sérios...

CPIs
Quem diz que as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) da Câmara não fazem reuniões está mal informado. De janeiro até agora, de acordo com notícias publicadas no site do Legislativo, “já ocorreram” duas reuniões. Se outras ocorreram, elas não foram noticiadas. Em junho, a CPI do consumo de água ouviu um diretor do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) do Estado. Na semana passada, foi a vez de a CPI do IPM reunir seus membros para análise de documentos (foto). Não houve depoimentos. “A comissão vai analisar as respostas e decidir se vai ouvir os representantes das entidades”, registra a notícia sobre a reunião. Em tempo: há cinco CPIs tramitando na Câmara.

CURTAS

PLANTA GENÉRICA
A Prefeitura de Ribeirão Preto quer revisar a planta de valores genéricos de propriedades rurais. Um aviso de licitação publicado no Diário Oficial do Município prevê a contratação de empresa para prestação de serviços técnicos especializados de engenharia cartográfica, visando ao levantamento aerofotogramétrico, perfilamento a laser, recadastramento imobiliário urbano e planta de valores genéricos de terreno da zona rural do Município de Ribeirão Preto. O valor estimado da contratação é de R$ 10,47 milhões.

ANISTIA PARCIAL
Em assembleia geral extraordinária marcada para o próximo dia 18, às 9h, em sua sede, a Cohab de Ribeirão Preto discute vários assuntos com acionistas. Entre as propostas está o desconto de 50% nos juros de mora dos mutuários inadimplentes com as prestações de imóveis. Ainda estão na pauta a alienação de áreas e as deliberações sobre o orçamento de 2016.

"ENTRE ASPAS"
“Milito na área de combate à dependência química há mais de 28 anos. Estamos crescendo na conquista de uma consciência para tentar desvincular o prazer do consumo de álcool.”
Gláucia Berenice (PSDB), vereadora em Ribeirão Preto, ao explicar porque votou contra a venda de cerveja em estádios de futebol.

 Fotos: Viviane Mendes (Walter Gomes e Cícro Gomes da Silva), Silvia Morais (CPI) e Ibraim Leão (Gláucia Berenice)