
Faca de “vários legumes”
Sobre ditados e inutilidades políticas
Conta a lenda do Legislativo que Ribeirão Preto já teve vereador que sempre dizia, no aperto para decidir sobre uma votação: “essa é uma faca de dois legumes”. Não há, no entanto, comprovação da afirmação. Pode ser coisa de opositores irônicos.
Mas vamos a fatos. Se houve mesmo a história dos legumes, a oposição na Câmara de Ribeirão Preto livrou o governo municipal de uma faca de “vários legumes”, ao rejeitar a emenda que permitiria a Prefeitura conceder reajuste de salários a servidores.
Fosse aprovada, a emenda permitira o descongelamento do teto salarial, representado pelo subsídio da prefeita Dárcy Vera (PSD), hoje em pouco mais de R$ 17,3 mil.
Com o ajuste de valores, a Administração também poderia corrigir subsídios de secretários municipais e de cerca de 100 servidores cujos rendimentos não podem ser aumentados porque eles ganham já o mesmo que a prefeita.
É claro que com a emenda aprovada os servidores partiriam para a pressão (um tanto velada) para conseguir reajustar seus vencimentos, sem correção desde 2009.
E não se trata de discutir se prefeita, vice, secretários e servidores graduados merecem o reajuste, após seis anos de congelamento de suas rendas. Certamente merecem.
O difícil para o governo – incluindo aí os vereadores, por votarem a legislação – seria encontrar um discurso capaz de convencer os contribuintes da necessidade de se corrigir vencimentos de quem ganha quase 22 salários mínimos.
Falta, pelo menos no momento, elementos que possam servir de apoio a uma defesa destas. Sempre lembrando que a discussão não é sobre o merecimento dos rendimentos ou não. Mas das dificuldades de concessão.
O complicado é saber que o governo federal cortou cerca de R$ 18 bilhões de seu orçamento para este ano. O governo paulista reduziu em R$ 6 milhões seus possíveis gastos em 2015. A Administração Municipal está em sérias dificuldades, o que não é segredo para ninguém.
Assim, é possível notar que as iniciativas pública e privada estão em dificuldades. Como então falar de um assunto tão delicado? Certamente por isso a discussão se arrasta desde o ano passado sem uma solução.
COMEMORAÇÃO?
Discretamente, alguns membros do governo devem ter comemorado a atuação da atuação na Câmara, mesmo que seus subsídios continuem congelados. Porque se a Administração municipal tivesse interesse no assunto já teria encontrado uma forma de adotar a medida.
SOBRE INUTILIDADES
Foi uma derrapada sem tamanho. A estreia do deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), também presidente do Corinthians, não poderia ter sido mais desastrada. O primeiro projeto do chefe do Timão foi para criar – acredite – o Dia do Corinthians no País. Até parece que alguns parlamentares torcem contra o Congresso Nacional. Querem fazer gol contra. Só pode ser.
TORCEDOR
Em tempo: este escriba torce para o Corinthians desde muito antes de Andrés Sanchez ocupar a direção do clube.