
Falta pão
“Em casa que falta pão, todos fritam e ninguém tem razão”. O adágio é antigo, mas bem serve para definir a situação de uma gritaria política que envolve situação e oposição na Câmara Municipal. Enquanto a oposição grita que a prefeitura está quebrada, a situação cuida de lembrar governos passados que também deixaram o erário público em penúria. Como se um caso justificasse o outro.
Enquanto discutiram aprovação de venda de áreas públicas, suplementações de verbas para pagamento de servidores municipais e alterações consideráveis na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada há cerca de dois meses, os vereadores se revezaram em ataque e defesa à administração municipal.
Para os vereadores de oposição, a situação financeira da prefeitura é de penúria. Acusam o governo municipal até de congelar a operação tapa-buracos na cidade. E que esses buracos têm provocado acidentes, um deles com vítima fatal.
Vereadores governistas correm então a falar de ações da atual gestão e relembram fatos antigos, da segunda metade da década de 1990, quando servidores municipais tiveram que receber os salários por empréstimos bancários, devidamente avalizados e pagos pela prefeitura.
Não conseguem, no entanto, afirmar com segurança que os opositores mentem. Que a situação financeira é tranquila. Até porque vários fatos mostram o contrário.
E por que não há razão na gritaria? Porque a Câmara sabe mais do que a grande maioria dos cidadãos que a situação é ruim faz tempo. Ainda assim se furtou de fiscalizar o Executivo. Se esquivou de alertar, de cobrar soluções mais rígidas. Agora que a fazenda foi furtada, não adianta muito colocar tranca nova na porteira.
PELAS CRIANÇAS
O vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB) protocolou na Câmara projeto de lei que institui em Ribeirão Preto o Programa Bolsa Creche, destinado à crianças que não conseguiram vaga na rede pública de ensino. Ele prometeu que pedirá urgência de votação. Serão beneficiadas crianças de zero a três anos e a prioridade será para aquelas que aguardam na fila de espera por uma vaga em creche da cidade.
BOA INTENÇÃO
Scandiuzzi explica que o projeto nasceu por conta do déficit de vagas em creches da cidade e cumpre o que determina o Artigo 211, inciso 2 da Constituição Federal, que assegura a toda criança o atendimento em creche e o acesso a pré-escola. Boa intenção e mérito qualificado o projeto tem. Mas carece da legalidade necessária para se transformar em lei e deve ser barrado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
ELE DISSE:
“Será que em 2016 vou ter que resolver isso também?”
Walter Gomes (PR), vereador, numa referência aos problemas de saúde da cidade –que afirmou já ter melhorado, mas precisa melhorar mais– e à sua disposição de se candidatar a prefeito em 2016. A frase arrancou risos no plenário.