Final melancólico

Final melancólico

Derrubada do governo central não é responsabilidade apenas da oposição

Não tenho amores por Dilma Rousseff. Não lhe dediquei o voto, logo não votei em seu substituto constitucional, ex-aliado eleitoral e hoje chamado de golpista Michel Temer por apoiadores da presidente.

Não considero bom o governo da presidente Dilma. Notadamente o segundo mandato, quando perdeu o embalo de uma administração que vinha, ao menos aparentemente, dando certo.

Também não tenho afeição ao PT. Até acho que o governo e os filiados do partido muitas vezes confundem administração pública com máquina partidária – vide comemorações embandeiradas em solenidades oficiais.

Mas não tenho qualquer motivo para admirar Michel Temer, Renan Calheiros, Eduardo Cunha, Waldir Maranhão e tantos outros investigados por uma das maiores operações policiais que o País já assistiu e que hoje estão no papel de substituto da presidente e de julgadores com direito a decidir.

É muito difícil ter que assistir pessoas consideradas desonestas ficarem fazendo juízo de valor de outros desmandos, erros ou desvios de função. Por outro lado, é muito difícil ver uma economia se esvair porque o governo perdeu todo o apoio que poderia ter para tomar decisões e adotar medidas.

Por isso é difícil julgar os erros da presidente pelos olhos de quem também se esbaldou em erros. Não que eles (os erros) devam continuar. Mas o Brasil bem que merecia ter um pouco mais de políticos honestos (e não espertos) e habilitados.

Assim, apesar de perceber que o País não suporta mais viver sob este governo, é doloroso ver que nem mesmo quem está distante do poder central tem muita vontade de apoiar o mandato de Dilma Rousseff.

Um bom exemplo foi o protesto de terça-feira, em Ribeirão Preto, que reuniu menos de 30 pessoas. Eles se concentraram no Centro e seguiram em passeata atá a Câmara Municipal. O número não representa 1% dos filiados ao PT na cidade, que reúne mais de 5 mil pessoas. Sem falar em outros partidos, sindicatos e entidades sociais que apoiariam o governo federal. Beirou o ridículo.

Houve um abandono geral. Não é apenas a oposição querendo derrubar. Poucos, muito poucos, estão interessados em manter o governo de pé. Por não mais acreditarem ou por vergonha de defender.

É triste. Muito triste ver o governo acabar. Mas é preciso dizer também que a culpa da derrocada não é apenas da oposição. E sim de muitos ex-aliados que agora querem um novo governo para usufruir. Aliados escolhidos por quem está hoje perdendo o poder.

SESSÃO RELÂMPAGO
Apesar do pequeno número de manifestantes na sessão de terça-feira, 20, na Câmara, o presidente em exercício, o vereador Bebé (PSD), não quis saber de conversa. Tocou a sessão rapidamente e a encerrou sem ao menos dar a palavra aos vereadores no expediente conhecido como Pinga Fogo. O fim da reunião ocorreu por volta de 19h10, quando costuma passar das 20h30.

SEM INSCRITOS?
Questionado pelo vereador Beto Cangussú (PT), Bebé respondeu que não havia vereadores inscritos para falar na tribuna, no Pinga Fogo. Depois Beto explicou que não há inscrições para a fala. O que há é uma divisão para que metade dos vereadores fale em uma sessão e a outra metade, em outra.

PREVENÇÃO
A Prefeitura de Ribeirão Preto abriu licitação para a compra de preservativos masculinos que serão distribuídos na rede pública de saúde. O edital prevê a compra de até 800 mil unidades de preservativos, ao preço de pouco mais de R$ 0,30, o que totaliza gasto superior a R$ 243,8 mil.

Foto: Silvia Morais

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