Haveria (mesmo) um conluio deputado?

Haveria (mesmo) um conluio deputado?

Acusar vereador de combinação com empresa é subestimar sua inteligência

 O deputado estadual Campos Machado (PTB), líder de seu partido na Assembleia Legislativa de São Paulo, fez uma representação para que o Ministério Público (MP) investigue possível conluio (palavra feia) entre o vereador Marcos Papa (sem partido) e a empresa Ambicon Construtora Ltda.-ME.

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Tudo pelo simples motivo de que os dois representaram ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) contra o edital de licitação das obras de mobilidade urbana, com recursos de R$ 310 milhões do PAC II. O TCE suspendeu liminarmente o edital.

Dizem por aí, principalmente nos corredores do Palácio Rio Branco, que há fortes indícios de ligação entre uma representação e outra. Uma dela é a semelhança dos textos das representações. Seria assim uma cópia fiel. Ou quase isso.

Dizem também que a segunda representação foi protocolada com segundos de diferença da primeira, sugerindo inclusive que os documentos poderiam ter sido até entregues pela mesma pessoa. Ou por pessoas que foram juntas ao TCE.

Pois vamos às argumentações. É difícil acreditar na ligação do vereador com a empresa. Se ela existir, é melhor passar a desconfiar da inteligência do próprio parlamentar e de membros da sua equipe de trabalho.

Se há alguém já fazendo o trabalho, por que “queimar a mão” em um assunto tão polêmico? Se houve combinação, por que não diferenciar os textos apenas para despistar possíveis investigações?

A questão de horário também é questionável. É difícil acreditar em simples coincidência. Mas pensar diferente é dizer, novamente, que a equipe de Papa não pensa dois minutos por dia.

Embora com menos indícios, é mais fácil acreditar na opinião (pública, pelo menos) do vereador Samuel Zanferdini (PMDB).

Delegado de polícia experiente, o peemedebista aponta que pode haver uma armação da empresa com construtoras maiores interessadas na divisão da licitação em partes menores para que elas pudessem participar.

Com esta versão, Zanferdini também sugeriu um requerimento a ser assinado por todos os vereadores com pedido de devassa na empresa. É esperar para ver o desfecho.

O que não dá para esperar é ingenuidade de quem ganhou uma eleição e tem atuação destacada na Câmara, como é o caso de Papa.

O REAJUSTE, AFINAL
Muitos comerciantes devem agora estar dizendo impropérios contra a prefeita Dárcy Vera (PSD) pelo reajuste de 200% na tarifa da Área Azul, por imaginarem que o valor vai afastar os clientes de suas lojas. Não tenho procuração para defender esta administração e prefiro nem ter tal atitude, mas o reajuste era mais que necessário para manter a rotatividade e, logo, favorecer motoristas que procuram vagas. Motoristas que são clientes dos comerciantes.

FALTOU CORAGEM
E aparentemente faltou coragem aos prefeitos Luiz Roberto Jábali (1997-2000) – já falecido – Antônio Palocci Filho (2001-2002), Gilberto Maggioni (2003-2004) e Welson Gasparini (2005-2008), que não tiveram a iniciativa de mexer em assunto polêmico. Dárcy Vera, justiça seja feita, demorou mais de seis anos e meio para tomar a medida. A arrecadação hoje não deve pagar a operacionalização das áreas.

REGIMENTO INTERNO
Apenas para manter a escrita, o Regimento Interno da Câmara Municipal voltou a ser esquecido na sessão da última quinta-feira, quando a Ordem do Dia não teve início às 20h, no máximo, como determina o Regimento. O alerto foi do vereador Beto Cangussú (PT) que, irritado, deixou a sessão no meio de um discurso (quase interminável) do colega Bertinho Scandiuzzi (PSDB).

TEMPO DESPERDIÇADO
Depois de várias reuniões de uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para atualizar o Regimento Interno, novo projeto de lei foi aprovado após muita discussão e alguns acordos. Mas a nova lei segue como um texto de decoração nos sites oficiais.

ELE DISSE
“Imagine você Ribeirão Preto sem a Via Norte hoje”
Jorge Parada (PT), vereador em Ribeirão Preto, em discurso sobre a necessidade de duplicação da avenida Antônia Mugnato Marincek, no Ribeirão Verde, que está com a licitação “judicializada”

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