
Impostos voadores
No exato momento em que você está lendo este texto, algum assessor ou assessora de algum deputado federal pode estar fazendo a reserva de passagem aérea para seu chefe. Pago com recursos públicos, do seu suado dinheirinho de impostos de valor elevado.
Tudo bem. No dia da eleição, quando você votou, já sabia que o deputado federal tinha direito a passagens para seu Estado de origem. Mas há uma diferença.
Agora este custo pode dobrar, porque o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), decidiu que as mulheres (ou maridos) dos parlamentares também têm direito às passagens aéreas.
O valor dobra se todos eles resolverem utilizar o privilégio concedido. O que não deve ocorrer. Mas ainda assim está ficando cada dia mais difícil defender o Legislativo, pilar imprescindível na democracia.
Além de uma afronta ao contribuinte brasileiro, a concessão de mais este privilégio é extemporânea. O governo federal está cortando gastos, congelando obras de seu principal programa – o PAC – e a Câmara, na contramão, cria nova despesa.
O presidente da Câmara até diz que economizará outros gastos para a concessão das passagens aéreas das senhoras esposas de parlamentares, mas não mostra onde fará a economia, nem de quanto ela será.
Sobre o aumento da verba de gabinete, utilizada para pagamento de assessores, o presidente da Mesa Diretora da Câmara disse que apenas corrigiu o valor, em função da inflação.
Ele aumentou o valor da verba em 18,01%, de R$ 78 mil por mês, para R$ 98 mil, sob o argumento que é a inflação acumulada desde julho de 2012. Também foram aumentados os valores do auxílio-moradia.
As concessões representam gasto maior de R$ 110 milhões neste ano, por nove meses, a partir de abril. No ano que vem o gasto será ampliado em R$ 150 milhões.
É fato que a verba de gabinete é utilizada para o pagamento de assessores (até 25 para cada parlamentar). Com esforço, é até possível aceitar que o político tenha seu “vale-transporte” aéreo, assim como o auxílio-moradia.
Mas é de bom alvitre que a paciência termine aí. Pagar passagens aéreas de familiares – porque logo, logo, chega aos filhos – é inaceitável.
É certo que os políticos vivem utilizando o braço dos contribuintes para tomar injeções. Essa da passagem aérea, entretanto, tem a agulha muito grossa.
POLICIAL INCONFORMADO
Pareceu algo fora de controle. Foi, no entanto, um desabafo natural. Um subtenente da Polícia Militar concedia uma entrevista ao repórter Caio Abram, do programa de rádio Rota da Verdade, quando começou a criticar o governo.
PRENDE-SOLTA
Ele falava sobre a apreensão de um menor, de 15 anos de idade, que estava com uma moto furtada, que teria receptado (comprado do autor do furto). E porque o adolescente já tinha tido passagem por furto, foi que ele resolveu criticar governo e instituições, dizendo que não adianta trabalhar se as leis estão cada vez mais leves e as punições, mais amenas.
OLHAR DE PAISAGEM
Para o militar, Executivo e Legislativo fazem cara de paisagem para os problemas da violência no País, sem tomar nenhuma atitude para reduzir a criminalidade e que, ao contrário, a incentiva com a quase inexistente punição. É algo para se refletir.
Foto: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados