Joaquim e a mídia

Joaquim e a mídia

Com quase 15 dias do desaparecimento do menino Joaquim Ponte Marques, de três anos, e oito dias do encontro do corpo, a imprensa mantém vigília no prédio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Uns dias com maior intensidade, outros nem tanto.

Mas durante estes dias, o que se viu em frente ao prédio da Polícia foi um verdadeiro batalhão de jornalistas. Equipes inteiras de programas de televisão, produtores de programas jornalísticos, fotógrafos, cinegrafistas e muitos repórteres dos mais variados meios de comunicação.

Veículos com equipamentos de link, para entradas no ar ao vivo, permanecem estacionados no pátio da delegacia ou na rua em frente e ao lado do prédio. Para manter a energia, barulhentos geradores ficam ligados.

Há expectativa e disputa. Espera-se a palavra do delegado responsável pelo caso após um depoimento ou outro. Busca-se novidades, um ângulo novo da triste notícia do assassinato cruel de um garoto que mal havia começado a vida.

Com a euforia do noticiário imediato representado pelos sites, há quem queira, claro, postar primeiro a melhor notícia. Por isso os notebooks e tablets fazem parte da parafernália tecnológica nas mãos de repórteres e fotógrafos.

Jornalistas experimentados no meio policial garantem que nunca viram tanto movimento junto. Em nenhum caso, mesmo envolvendo crianças em casos anteriores. A movimentação atrai curiosos que param, dão entrevistas e até protestam.

E sempre há boatos, notícias a serem confirmadas e algumas especulações entre os profissionais. As análises sobre quem foi o autor, como se deu, em quais circunstâncias também são feitas por gente pouco especializada em comportamento humano.

É nesse entra e sai de profissionais da mídia que a polícia tenta desvendar o mistério. Em meio a uma espera e outra os fatos vão chegando na central de flagrantes que funciona no mesmo prédio. Mas pouco chama a atenção dos jornalistas.

Eles parecem já estar acostumados a ver pessoas algemadas chegando na delegacia em viaturas da polícia. Nem um carro totalmente destruído pelo incêndio, nas proximidades da DIG chama muito a atenção. Pouco importa o que aconteceu com o veículo ou com seu proprietário.

Nessa busca diária por informações e imagens, profissionais buscam o melhor o melhor ângulo para uma foto ou uma filmagem nem sempre disponível e com a melhor luz.

Nos dias de depoimentos importantes há correria. O fulano está saindo, a beltrana está chegando. Fotógrafos e cinegrafistas correm e o máximo que conseguem é a imagem de uma viatura fechada e com os vidros pretos, com pouca visibilidade.

Assim os dias vão passando em frente ao prédio da DIG. Com jornalistas cansados e ávidos por uma nova informação. Tudo em nome de um clamor popular que busca as mesmas respostas que a polícia.

O esclarecimento, no entanto, chega aos poucos. E a polícia vai puxando o fio que pode levar à solução do caso que comoveu e ainda comove a grande maioria da população.

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