Lições da manifestação

Lições da manifestação

Há muito ainda a aprender com as manifestações políticas. Até para reconhecer e isolar aproveitadores de plantão

Um pouco tardio, talvez, este texto. Ou não. As repercussões da grande manifestação de domingo seguirão por dias a fio. E haverá sempre alguém metendo o bedelho para opinar de um lado, de outro, de forma neutra ou até irritante. Achei bom também enfiar minhas considerações no assunto.

São considerações de observação pura e simples. Sem nenhum aprofundamento mais técnico. Uma espécie de voz produzida por olhos e ouvidos. Há que se considerar que o Brasil tem milhões de técnicos e juízes de futebol, mas poucos entendidos em política.

Por isso se escreve tanta bobagem. Não estou livre do defeito. Pode sair bobagem daqui. Mas pode também sair coisas que se aproveitam. Isso porque esse é um longo aprendizado. Não se conhece política com o grande número de desonestos que ocupam cargos e querem nos convencer de que estão certos.

Sobre as manifestações de domingo, 13, em centenas de cidades do País, com quase 7 milhões de pessoas nas ruas, segundo os organizadores das passeatas (que sempre inflam seus números), é preciso afastar alguns juízos que deformam a visão do todos.

Não se pode considerar que a participação do todos nas manifestações é algo puro, distante de interesses políticos e eleitorais. Nem que todos estão nas ruas por livre e espontânea vontade, apenas em busca de um Brasil melhor para todos.

Há, claro, os que pensam desta forma. Mas imaginar que é a maioria é uma grande ingenuidade. A maioria tem interesses econômicos e políticos. Econômicos no bom sentido da palavra. Querem a melhora do governo para ganharem mais. Ou perderem menos.

O interesse político pode não ser apenas o de vencer eleições, ocupar um mandato, mas talvez apenas de se ocupar espaços, ou se beneficiar do poder sem estar diretamente ligado a ele. Como muitos que hoje estão “do outro lado” fazem.

Dito isso também é preciso avisar aos petistas e apoiadores do governo federal que, apesar de determinados excessos, a maioria dos que se manifestam não considera o protesto uma ação para golpe.

É irritante viver em uma democracia e ficar lendo de quem se diz democrata afirmação de que a manifestação tem como único objetivo dar um golpe em quem venceu democraticamente as eleições. Ora, Ora, que simplismo.

O que a manifestação de domingo ensinou é que há muito ainda a aprender. Que o brasileiro precisa entender menos de futebol e mais de política. Incluindo pobres escribas que exercem alguma influência sobre leitores.

Até para conseguir separar golpistas de gente que tem um pouco de boa intenção. E de pessoas que querem convencer você a aceitar tudo porque houve uma eleição e eleitos.

DE MOLHO
O secretário de Logística e Transportes, Duarte Nogueira (PSDB), terá que ficar de molho por um tempo. Na sexta-feira, 11, ao se exercitar, ele rompeu o tendão do bíceps e teve que passar por uma cirurgia. Ele terá que ficar com uma tala de gesso e com o braço direito enfaixado por um tempo. Depois precisará usar tipóia até a cicatrização. Será um período em que usar paletó (ou mesmo camisa de manga comprida) será “proibido”. Em audiência pública da criação da Região Metropolitana de Ribeirão Preto (RMRP) ele comparecer “em mangas de camisa”.

COMEMORAÇÃO
O vereador Maurílio Romano (PP) está em período de comemoração. Sua luta pela criação da RMRP está chegando a bom termo, com as audiências públicas e a proximidade da concretização. Ele começou a trabalhar pela implantação em 2006, quando foi candidato a deputado estadual. Eleito vereador em 2008, em 2009 criou uma Comissão Especial de Estudos (CEE) para analisar e estudar a criação da Região Metropolitana.

OUTROS AUTORES
É claro que a concretização da RMRP tem outros autores, como os deputados estaduais Rafael Silva (PDT), Welson Gasparini (PSDB) e Léo Oliveira (PMDB) que chegou a apresentar projeto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), em 1995. Também a hoje prefeita Dárcy Vera (PSD), em seu mandato de deputada trabalhou pela criação.

ESQUECIDO
Outro projeto pela RMRP foi apresentado por um ex-deputado estadual nunca lembrado quando se fala do assunto. Hoje presidente nacional do Partido Ecológico Nacional (PEN), Adilson Barroso, que tem base eleitoral em Barrinha, também foi autor de projeto pela criação da RMRP. E é bem provável que, neste momento, algum (ou alguns) outro político deve estar reclamando mentalmente por ter sido ignorado em suas ações.

RODRIGO CANDIDATO
O advogado e radialista Rodrigo Camargo deve ser mesmo candidato a prefeito pelo PTB. Ele esteve em São Paulo por alguns dias na semana passada onde conversou com o deputado estadual Campos Machado, presidente do partido no Estado para discutir a possível candidatura. Rodrigo, filiado ao PTB desde 2013, ainda não garante a candidatura, que só ocorrerá se ele puder se comportar na campanha como atua hoje, em seu programa de rádio, com possibilidade de fazer críticas. “Se me derem o controle do partido aceito ser candidato. Caso contrário, não”.

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