Lições do impeachment

Lições do impeachment

Independente do resultado de domingo, o processo de afastamento ensinou muito a eleitores e eleitos

Há pouco mais de 40 dias teve início na Câmara Federal a tramitação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). O fim da discussão na Câmara está próximo, termina no domingo. Depois, caso aprovado, a bronca ficará para os senadores.

Muito embora a discussão no Legislativo não tenha tanto tempo, o debate vem desde o ano passado. E em todo esse período os ensinamentos foram, pelo menos, diários. Em alguns dias foi possível aprender várias coisas ao mesmo tempo, assim, numa enxurrada de informações nunca vista.

Foram lições de política, de direito e até de comportamento social e pouco diplomático em manifestações. Alguns ensinamentos foram duros. Mas muitos argumentos serviram para ampliar conhecimento, abrir horizontes, mesmo que de forma forçada. Neste tempo foi impossível ficar sem receber informações sobre o processo.

Uma frase que circulou por redes sociais deu bem o tom deste tempo de acúmulo de dados na cabeça de praticamente todas as pessoas: “se você não está confuso é porque não está bem informado”. Foi exatamente assim.

Numa mesa de bar as pessoas passaram a discutir a possibilidade de impeachment ou não. Muitos com a propriedade de especular e explicar o trâmite de toda a ação a se desenvolver. Claro que ocorreram acusações de parte a parte.

Mas tudo fez parte de um período não só de informação em excesso, de forma a inchar pessoas com dados. Muita gente, além de todas as informações políticas, ouviu falar de questões jurídicas que nem imaginavam. Não são doutores em Direito, mas já sabem um pouco mais.

Mas não só o povo aprendeu. Parlamentares tiveram a chance de conhecer mais ao ler pareceres, interpretações e ouvirem acusações e defesas. Se a presidente aprendeu? Óbvio que sim. De forma muito mais amarga, mais dolorida.

A principal lição, no entanto, que deve ser apreendida com vigor, diz respeito a escolhas. O eleitor deve ter entendido que é preciso filtrar promessas, a detectar mentiras a analisar melhor situações. E também soube que não há milagre no financiamento de campanhas. Seja de quem for.

Os políticos precisam ter aprendido a ter cautela em suas campanhas, em suas propostas. Para não cair no ridículo de um ano depois contrariar discursos e até perder aliados por isso. Foram lições duras também para eles. Muitos nem sobreviverão, politicamente, para aplicar os ensinamentos.

Serão banidos pelos eleitores agora mais bem informados.

PELO IMPEACHMENT 1
O vereador Ricardo Silva (PDT) postou vídeo em redes sociais, na quinta-feira, 14, informando que estava indo a São Paulo para discutir a votação do impeachment e assegurou ser a favor do impedimento da presidente Dilma Rousseff. Também incluiu o pai dele, deputado estadual Rafael Silva, presidente do PDT em Ribeirão Preto, entre os contrários. Mas o parlamentar tem dificuldade em explicar essa posição, porque seu partido se posicionou contra o impeachment e, pior, tem participação no governo federal

PELO IMPEACHMENT 2
Outro que viajou nesta sexta-feira, 15, para Brasília, para discutir o impeachment foi o vereador Maurílio Romano (PP), membro da executiva nacional do partido. A reunião será no Senado. Ele foi convidado pelo presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira, para discutir o posicionamento do partido, que fechou questão pelo impeachment da presidente.

TEIMOSIA
A construção de estações de embarque e desembarque nas imediações da Catedral Metropolitana de Ribeirão Preto deixou de ser um projeto urbanístico e de atendimento a usuários do transporte coletivo. Passou a ser uma disputa com lances políticos. A última cartada teve como vencedor os contrários à construção, que já havia sido iniciada. Mas não é uma decisão definitiva.

PALANQUE
Obra da teimosia do governo municipal, a construção das estações tem provocado desgastes à administração municipal, notadamente à prefeita Dárcy Vera (PSD), ao mesmo tempo que tem servido de palanque a opositores. O vereador Rodrigo Simões (PDT), por exemplo, usou a última decisão para discursar na Câmara.

Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil

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