
Língua queimada
Estou com a língua queimada. Ainda nesta terça-feira escrevi que os vereadores aceitariam os vetos da prefeita Dárcy Vera (PSD) enviados à Câmara. Um dia depois tenho que corrigir.
Mas não estou irritado. Até um pouco contente porque a Câmara Municipal contrariou minhas previsões e resolveu pelo menos tentar fazer o papel que lhe cabe, ao rejeitar os vetos a emendas do Plano Plurianual (PPA) e da Lei Orçamentária Anual (LOA).
Pode até ser um recado nada cifrado do Legislativo para o Executivo. Uma mensagem de descontentamento inclusive da base aliada. A votação, no entanto, tem o seu valor.
Os vereadores resolveram exigir respeito às suas sugestões feitas ao Executivo. É claro que a Prefeitura não terá Orçamento para realizar tudo que foi sugerido e por isso, certamente, a Prefeitura irá ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para tentar o descumprimento parcial pelo menos da LOA.
Já com relação ao PPA nem será necessário tanto, já que a lei de planejamento não obriga a Administração Municipal a realizar as obras ali listadas. Para que sejam realizadas, no entanto, precisam estar no plano.
Com a rejeição aos vetos, mesmo que o Legislativo tenha, ao longo dos últimos anos, demonstrado obediência ao Executivo, os vereadores mostraram que nem tudo está perdido. Que ainda há salvação para os ocupantes do prédio da Jerônimo Gonçalves.
Caso seja apenas um recado, a informação enviada vai custar caro à Prefeitura, que precisará tomar providências em relação às emendas apresentadas.
Caso seja isso, a votação não chega a ser um ato de coragem, mas uma forma de negociar pressionando o outro lado. Para ver no que isso pode dar, só aguardando.