Nem tudo termina em pizza

Nem tudo termina em pizza

Mas pode terminar em uma boa briga política


Para os incrédulos, todas as investigações políticas (ou pelo menos a grande maioria delas) terminam em pizza. Ou seja, não se apura nada em nem se pune ninguém, nem quem apareceu lá no início dos trabalhos como forte suspeito.

O mais recente exemplo de que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) pode chegar a bom termo vem de Cravinhos. Vereadores de oposição, depois do período de investigação estão propondo Comissão Processante com o objetivo de cassar o mandato do prefeito José Carlos Carrascosa dos Santos, o Boi (PSDB).

Em Ribeirão Preto houve também trabalho de vereadores no caso da concessão do transporte coletivo urbano. A investigação desaguou em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público.

No caso da CPI do Transporte Coletivo restou evidenciado várias inadimplências a cláusulas do contrato assinado, admitido pelo próprio consórcio vencedor da licitação, com as devidas justificativas.

Em Cravinhos, o presidente da CPI, Cláudio Telles (PRP), assegura que o prefeito errou ao não cobrar impostos de realizadores da festa. O prefeito garante que poderia isentar da cobrança de impostos as entidades realizadoras.

É claro que aqui não se aponta a culpa do prefeito e nem que o vereador de oposição esteja dizendo a mais pura verdade. É justamente por isso que a Comissão Processante é necessária, para que o prefeito tenha como se defender, como apresentar o contraditório.

E pode até ser que durante o processo ele apresente argumentos que convençam os vereadores da lisura dos seus procedimentos. Neste. caso não haverá motivo qualquer para cassação

O que se quer apontar, ao falar de investigações, é que existem CPIs e CPIs. Algumas têm objetivos obscuros, inconfessáveis. Outras têm a intenção clara de política eleitoral. Uma parte pequena tem a pureza de investigar sem qualquer outro interesse.

É claro que quem investiga fica com possíveis bônus eleitorais. E investigados ficam com o ônus, pelo menos a princípio. São, claro, os obstáculos inerentes à vida política e ingredientes de uma democracia em desenvolvimento.

Assim, quando alguém fizer muito esforço para evitar uma CPI não se trata apenas de evitar o palanque adversário. Pode ser que as suspeitas iniciais sejam comprovadas. Nestes casos, desconfie.

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