
O dinheiro público esfarelado
Enquanto os buracos insistem em reabrir, o dinheiro do contribuinte vira pedrinhas soltas nas ruas
É horrível circular pelas ruas de Ribeirão Preto e ter que se desviar constantemente de buracos. Muitas vezes nem é possível se livrar da cratera, porque a roda do veículo cai em outro logo ao lado. Muitas vezes em um mesmo local há uma profusão de buracos. Os motociclistas e ciclistas então precisam fazer verdadeiros malabarismos para circular.
Mas não é difícil entender que o número de buracos aumentou em função das chuvas do final de dezembro e início de janeiro. Os antigos poderiam ter sido tapados antes, mas esta é outra conversa e haverá certamente discursos a justificar o descaso de uma administração esburacada.
Mas é quase impossível entender um desperdício de recursos que ocorre sistematicamente: o do trabalho mal realizado. O buraco tapado com desleixo, como se fosse coisa de ninguém, sem qualquer importância para o sistema viário. Um serviço que não aguenta um chuvisqueiro ou não dura mais que uma semana de tráfego de veículos.
Assim, tanto quanto ver o pavimento se destruir, pela idade e excesso de uso, é horrível perceber, enquanto cidadão, que o dinheiro pago em impostos se transforma em pedrinhas espalhadas pelas ruas, que foram colocadas de forma ineficiente nos buracos.
Os exemplos estão por toda parte. Quem tiver paciência de recolher pedriscos pela cidade terá farto material para utilizar em construções e reformas. É só procurar locais onde os buracos foram tapados sem o devido cuidado.
É claro que há exceções. Em alguns locais, as equipes recortam o buraco, tapam com material adequado e o trabalho dura muito mais. Pena que esta é a exceção, não a regra. O comum é ver o material de tapa-buracos espalhado pelas ruas dias depois de ser utilizado.
Aparentemente o poder público teme excesso de críticas em demorar um pouco mais para resolver os problemas. Mas pior que isso é fazer de conta que o resolve. Se já demora, melhor atrasar um pouco mais e fazer direito. Assim não é preciso voltar a realizar o trabalho feito dias depois.
Há sempre argumentos de que o trabalho custa mais e leva mais tempo. Mas na ponta do lápis pode custar menos por não ser necessário refazer tantas vezes.
Porque é irritante ver a pouca importância que o dinheiro público tem nas mãos de certos gestores. Porque além de pagar, precisa conviver com serviços ruins e obras ineficientes. Haja paciência para tanto desperdício.
SIM, É CANDIDATO
Não há dúvida. Só um acidente de percurso de considerável monta tirará o deputado federal e secretário estadual de Logística e Transporte Duarte Nogueira (PSDB) da disputa da sucessão da prefeita Dárcy Vera (PSD). A forma como ele fala demonstra a intenção de ser candidato. Aponta que é preciso negociar uma solução com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) – já que precisa sair do governo – e afirma que já há pessoas interessadas em formatar propostas de governo.
QUARTA VEZ
É claro que o tucano não entrará na disputa se não encontrar boa posição de intenção de votos. Ele ainda não fala em pesquisas eleitorais (que já existem), mas os opositores podem ficar de olho. Com a experiência acumulada em mais de 30 anos e já três disputas fracassadas pelo Palácio Rio Branco, Nogueira não irá para uma aventura. Pode perder, porque ninguém monitora o eleitorado, mas buscará entrar na campanha eleitoral com grandes chances de vitória.
SANTOS REIS
Os vereadores André Luiz da Silva (PCdoB) e Rodrigo Simões (PP), pré-candidatos à reeleição, participaram no domingo de uma celebração religiosa de Santos Reis, na Vila Tibério, que reuniu centenas de moradores do bairro. Também o secretário da Cultura, Alessandro Maraca (PSD), possível candidato a uma cadeira na Câmara esteve no evento, onde há sempre votos disponíveis. Os três, no entanto, não ficaram para o almoço servido após a missa celebrada.
SEM SEGURANÇA
A prefeita Dárcy Vera (PSD) vetou lei aprovada pela Câmara Municipal que prevê a colocação dispositivos de segurança nas esquinas comerciais da cidade. O projeto é de autoria do vereador Coraucci Netto (PSD). Entre as justificativas para o veto, o Executivo argumenta que “o projeto de lei ofende o princípio da separação dos poderes, previsto no artigo 5º da Constituição do Estado de São Paulo e no artigo 2º da Constituição Federal, pois cabe ao Executivo a função de planejar e implantar ações de governo”. É uma justificativa exaustivamente utilizada, mas tem sentido.
NO MOBILIÁRIO
As justificativas seguintes são puxões de orelhas nos vereadores. Primeiro há a alegação é de que matéria deve ser tratada exclusivamente na Lei do Mobiliário Urbano, que é complementar à Lei do Plano Diretor do Município, cuja competência legislativa é do Poder Executivo. A lei do Mobiliário Urbano dorme em alguma gaveta da Câmara Municipal, já que teria sido já enviada pelo Executivo. Já a revisão do Plano Diretor foi rejeitada duas vezes, em menos de dois anos, pelos vereadores. Mais atenção na votação, senhores.