
O risco da grife
Ribeirão Preto está correndo o risco de perder uma grife criada ao longo de muitos anos de trabalho de professores, diretores, secretários e administradores: a grife da educação. A melhor da região administrada pelo município.
Não foram poucas as vezes que pais dormiram em filas para conseguir vagas para seus filhos em escolas municipais. Sempre foi uma grande disputa. Professores bem pagos, ensino de qualidade. O resultado tinha mesmo que ser uma forte demanda.
Após a espera por uma vaga, pais de alunos ainda buscavam conseguir vagas de outras formas, com vereadores, servidores públicos graduados etc. O objetivo era, ao mesmo tempo, fugir das escolas estaduais e conseguir frequentar a rede municipal, de longe o melhor ensino.
Com a disputa por vagas, a fama de melhor ensino só foi crescendo. Provas e exames para avaliar a qualidade sempre demonstrou que a educação municipal estava mesmo no caminho certo, com boas notas sempre. E motivo de discursos elogiosos na Câmara.
Hoje, a julgar pelos protestos de professores, pela confusão de falta de vagas, pela superlotação de salas de aula, a grife da educação municipal está ruindo. E por uma série de fatores.
O principal deles é a falta de planejamento para conseguir continuar oferecendo a mesma qualidade de ensino a uma quantidade crescente de alunos.
A administração municipal tem a seu favor dois argumentos para explicar a atual situação da rede municipal de ensino. A primeira delas é o aumento do número de alunos, com o crescimento do número de escolas e de salas de aula. O que é verdade.
O outro argumento é o fato de a Administração tem entrado no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de gastos com o funcionalismo e, portanto, sem condições de contratar novos professores.
Mas mesmo com dois argumentos relativamente fortes, o governo municipal precisará buscar saídas para equacionar o problema. Afinal o setor que sempre recebeu elogios não pode passar a ser criticado assim de uma hora para outra.
E nem é para manter a boa imagem ou coisa que o valha. É para que o cidadão continue a ter uma boa rede municipal de ensino. À altura do que foi em tempos passados.