A oposição isolada

A oposição isolada

Parte da bancada de oposição na Câmara deve escolher presidente da base aliada

Na época da ditadura militar, um ditado político se tornou popular: “A esquerda só se junta na cadeia”. Isso para mostrar a fragmentação de pessoas que supostamente comungavam dos mesmos ideais, da mesma ideologia.

E não há mudanças substanciais ocorridas nos últimos 50 anos. A oposição nos mais diferentes níveis sempre teve seus descontentes, por motivos variados. Muitas vezes se juntam em um assunto, mas se separam em outros.

A eleição da Mesa Diretora da Câmara de Ribeirão Preto na noite desta terça-feira, 15, vai revelar que pelo menos neste assunto a oposição está dividida e com integrantes isolados.

Isso porque desde meados deste ano o PSDB, mesmo na oposição, decidiu deixar de integrar o bloco oposicionista no Legislativo para se firmar como bancada.

Mesmo tendo deixado o bloco, os vereadores tucanos – Bertinho Scandiuzzi, Gláucia Berenice e Maurício Gasparini – têm atuado na oposição em discursos e votações.

E até ajudado os vereadores Ricardo Silva (PDT), Marcos Papa (Rede), Paulo Modas (Pros) e Rodrigo Simões (PP), do bloco, a encaminharem decisões e votações importantes.

Porém a ajuda, o companheirismo, não deve se repetir na votação para a escolha da Mesa Diretora. Os tucanos devem votar em Walter Gomes (PR) para presidente e nos demais integrantes da base aliada indicados para os demais cargos.

Não chega a ser uma traição dos tucanos, muito embora o candidato a presidente escolhido para representar a oposição na disputa, vereador Marcos Papa, considere que os colegas deveriam votar em seu nome, como retribuição a seu voto por duas vezes em candidatos da bancada.

Aparentemente, entretanto, os vereadores do PSDB se cansaram de dar murros em ponta de faca. Devem estar com as mãos machucadas. E o voto em integrantes da bancada de situação não chega a ser um protesto contra os colegas de oposição, mas uma sinalização de que não são opositores incondicionais.

A divisão, no entanto, aponta fragilidade da oposição. Reduz a força do discurso oposicionista justo na proximidade de um ano eleitoral, onde as forças precisam estar bem claras entre partidos e candidatos.

E muito embora existam os contrários, a situação – a se concretizar - faz parte da democracia, de decisão da maioria. Com todas as suas implicações e vantagens.

SEM PROJETOS
A sessão desta terça-feira não terá votação de projetos. O tempo será dedicado à eleição da Mesa Diretora. Assim, os projetos polêmicos, importantes ou não devem ser votados nas duas últimas sessões do ano, quinta-feira, 17, e terça-feira, 22. Extraordinárias de última hora não estão descartadas.

FOSFOETANOLAMINA
O deputado estadual Rafael Silva (PDT), preside nesta quarta-feira, 16, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, uma audiência pública para discutir os destinos da fosfoetanolamina sintética. Além do convite a todos os deputados, foram convidados pesquisadores, pacientes e, claro, defensores da liberação do composto, que tem mostrado eficácia no combate a sintomas do câncer em muitas pessoas, mas que está com sua distribuição proibida pelo governo estadual.

BANDEIRA
O deputado pededista, que tem base eleitoral em Ribeirão Preto vem fazendo uma verdadeira cruzada pela liberação da distribuição do composto químico a pacientes que fazem tratamento. Ele tem feito discursos pesados na Assembleia Legislativa e em veículos de comunicação, onde apela ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e até pede a exoneração do secretário estadual da Saúde, David Uip.

ELE DISSE
“Esse é o momento. O Estado de São Paulo e a Assembleia Legislativa não podem permanecer ausentes da discussão e devem apontar uma saída”
Rafael Silva (PDT) deputado estadual, sobre a proibição de distribuição da fosfoetanolamina sintética pelo governo estadual, falando sobre a discussão do assunto em audiência pública.

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