Os bancos precisam de reforma eleitoral

Os bancos precisam de reforma eleitoral

Instituições financeiras só exploram os clientes porque dominam os políticos

Uma reforma política que modificasse o sistema de financiamento de campanhas eleitorais e reduzisse o custo das campanhas com a limitação de abrangência poderia influenciar, para melhor, no atendimento bancário.}

É isso mesmo. Basta acompanhar o raciocínio provocado por projeto aprovado na Câmara Municipal de Ribeirão Preto e que determina o aumento de cadeiras disponíveis na fila de espera.

A proposta do vereador Beto Cangussú (PT) é mais uma entre várias outras. E poderia caminhar no sentido de cobrar melhor atendimento, com menor tempo de espera na fila, mas há complicadores.

Há lei municipal que regula tempo de espera, que exige biombos contra a chamada saidinha de banco, proíbe a utilização de celulares no interior das agências e até a que prevê câmeras de monitoramento externo aos prédios.

Algumas leis deram resultado porque foram bem fiscalizadas.

Mas as leis que geram mais despesa aos bancos costumam se transformar em verdadeiras batalhas judiciais. Algumas os bancos vencem, outras não. Foi assim, por exemplo, com a lei dos biombos.

Mas se a lei é municipal e os bancos têm recursos financeiros suficientes para cumpri-las, por que, então, as contestam? Para tais leis não ganharem tentáculos. Não saírem se reproduzindo por aí levando efeitos a outras cidades.

Seria então o caso de questionar por que não há leis nacionais para tantas regras necessárias aos bancos, já que as estruturas, em grande parte das empresas, ultrapassam as barreiras nacionais.

A resposta nem é difícil de imaginar. Políticos estaduais e nacionais, principalmente os do Executivo, recebem dos bancos gordas contribuições financeiras para suas campanhas eleitorais. E ninguém está disposto a punir o patrocinador.

É por isso que as leis são municipais. São aprovadas por políticos que não têm acesso a este tipo de financiamento de campanha. É a briga da formiga com o elefante. E enquanto se tenta regular no varejo, as instituições agem no atacado.

É também por isso que faz tempo que os clientes pagam para ter direito a essa aventura de ser correntista de banco (a grande maioria por necessidade). Pagam e trabalham.

Além do pagamento de tarifa mensal, o cliente faz depósitos, transferências, paga boletos, pega talões de cheques, imprime saldos e extratos, além de outros serviços, em caixas eletrônicos.

Enquanto isso os bancos reduzem o número de funcionários disponíveis para o atendimento a clientes, terceirizam o recebimento de contas e fazem várias exigências (algumas absurdas) a quem deseja ter seu nome entre os correntistas.

Pronto. Tudo isso escrito acima é pra dizer que os bancos fazem isso porque formam cartéis, reduzem a concorrência entre eles e as autoridades constituídas fazem cara de paisagem.

E assim agem porque nova campanha vai chegar e os recursos são necessários. Então a saída é mesmo a reforma política.

Uma reforma que permita, de forma oficial, o financiamento público de campanha, redução de área de abrangência de campanha, com o voto distrital (misto, pelo menos), redução do número de partidos (senão é preciso bancar muita gente) e o fim do voto obrigatório.

É isso.

Compartilhar: