Os “múcios” da Jerônimo Gonçalves

Os “múcios” da Jerônimo Gonçalves

Em cerca de 48 horas vereadores contrários viraram favoráveis, ou vice-versa

Em meados dos anos 1980, o comediante Jô Soares (hoje mais entrevistador) criou um hilário personagem que movia suas convicções ao sabor de seus interlocutores. Ele podia ser a favor da pena de morte e em dois segundos ser contrário, a partir dos argumentos de outra pessoa.

Múcio era o nome do personagem criado para não defender qualquer ponto de vista. Instado a responder a algum questionamento ele titubeava, rodeava até que seus inquiridores desistiam. Não é difícil encontrar vídeos de Múcio no YouTube.

VÍDEO: Presidencialismo x parlamentarismo, por Múcio

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Assim mal comparando, parte dos vereadores de Ribeirão Preto protagonizou, nesta semana, um episódio que tem bem a cara do Múcio criado por Jô Soares. Bem no estilo voto a favor, mas posso ser contra. Ou o contrário. É verdade que havia torcida nas galerias. Mas para os dois lados.

Na terça-feira, 29, votaram a favor de uma moção de repúdio a requerimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), protocolado na Câmara Federal pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), na segunda-feira, 28.

Pois bem, na quinta-feira, 31, uma proposta inversa foi apresentada e seis vereadores que já haviam aprovado o repúdio decidiram aprovar também uma moção de apoio ao mesmo requerimento. Não ria. O fato aconteceu.

Outros vereadores. Quatro em uma situação e três em outra, com seus nomes registrados no painel eletrônico, deixaram de votar as duas propostas, acompanhando a ação do presidente Walter Gomes (sem partido), que é desobrigado de votar.

Ficou assim uma situação meio inexplicável. Apenas o vereador Samuel Zanferdini (PSD), entre os que mudaram o voto, tentaram mostrar os motivos de mudança de lado. Missão difícil. Conseguiu deixar claro, no entanto, que não votou a favor ou contra o impeachment, mas apenas às moções.

E assim uma parte dos políticos vai perdendo a credibilidade a cada dia. Ninguém é obrigado a manter posições pela vida toda. Mas elas precisam valer um pouco mais que 48 horas. Senão o eleitor pode mudar de opinião bem ali na frente da urna.

CULPA DA IMPRENSA
No meio de suas explicações, Samuel Zanferdini disse que pelo menos uma parte da imprensa desvirtuou a notícia, ao afirmar que os vereadores votaram favoráveis e contrários ao impeachment, quando na verdade havia sido votado uma moção a um requerimento que estaria, segundo ele, incompleto por não pedir o impedimento de outros acusados, como o próprio presidente da Câmara Federal, Educardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela aceitação ou não do pedido de impeachment, já que o deputado também sofre acusações várias.

RAZÃO POUCO RAZOÁVEL
Há um pouco de razão no argumento. Todos os culpados merecem punição, independente de cargo, mandato ou partido, principalmente quem se esconde atrás do crime do outro para escapar do próprio. Mas a moção de apoio – que teve voto favorável do vereador – era ao mesmo requerimento da ação que recebeu repúdio.

DITADORES E DEMOCRATAS?
“A verdade é dura, a OAB apoiou a ditadura”. A frase foi entoada várias vezes por advogados e militantes de partidos de esquerda no momento da discussão da moção de apoio ao requerimento da OAB, na tentativa de levar vereadores a rejeitarem a moção. Do outro lado, advogados favoráveis ao pedido, gritavam palavras contra a corrupção.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Nesta sexta-feira, 1, a Câmara Municipal recebe a coordenadora do Programa Estadual do Adolescente da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Albertina Duarte. Professora, ginecologista e obstetra é também a responsável pelo ambulatório de Ginecologia da Adolescência do Hospital das Clínicas.  O tema de sua palestra é a implantação da Casa do Adolescente em Ribeirão Preto, que é um espaço de acolhimento destinado ao atendimento integral à saúde do adolescente.

MULHER
Organizado pela vereadora Gláucia Berenice (PSDB), presidente da Comissão Permanente da Mulher, da Criança, do Adolescente e do Idoso Vitimas de Violência, o encontro será realizado no Salão Nobre do Legislativo (Avenida Jerônimo Gonçalves, 1200) a partir das 14h. Na audiência também será discutida a implantação do Centro de Referência da Mulher, que busca o atendimento integral à mulher em situações de risco ou vítima de violência.

Fotos: Viviane Mendes / Câmara Municipal e Divulgação

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