Os prejuízos da criminalidade

Os prejuízos da criminalidade

Quem pensa que a criminalidade trás prejuízo apenas ao patrimônio esquece-se de analisar o fato com maior propriedade. Nestes tempos em que se discute a ousadia de bandidos e a impotência das autoridades, há muito mais que olhar e compreender.

Além dos danos materiais, recuperáveis, diga-se, a outros talvez muito piores. Sempre há riscos a vidas importantes e inocentes. Também há o temor do desconhecido, do imprevisível. Quem mora perto de agências bancárias e, atualmente, de postos de combustíveis, que o diga.

É tanto, que em um debate sobre segurança, um alto diretor da Polícia Civil confessou ter medo também de ir ao posto de combustíveis abastecer seu carro. Imagine então o cidadão comum pouco habilidoso e sem experiência para lidar com tais situações.

Atrás do prejuízo econômico está o infalível dano psicológico. O pior deles, talvez. Quem passou por uma experiência de violência extrema não consegue voltar a ser a mesma pessoa de antes, mesmo com ajuda de profissionais.

O trauma que se estabelece produz profundas marcas no ser humano. Como se fosse uma marca a ser carregada para o resto dos dias. Um lembrança de fazer tremer os mais corajosos.

Em função de danos tamanhos é que a situação precisa de melhor avaliação e análise por quem de direito. Não apenas de casos isolados ou de situações corriqueiras. Nem de punição exacerbada sem um olhar mais vagaroso pelo contexto.

É claro que as leis precisam ser melhor produzidas. E que a sensação de impunidade não seja um estímulo a produzir melhores formas de se praticar qualquer tipo de crime.

Para se sentir segura, a sociedade precisa ter exemplos de que o Estado faz o seu trabalho de proteção, sem tutelar. E os bandidos precisam ter pelo menos parte do medo que a população sente.

Se há risco de privação de liberdade em um sistema prisional que funcione, autores de crimes pensarão melhor em suas atitudes, antes de qualquer decisão.

Então é preciso melhorar o sistema punitivo. Com exemplos claros. E, de forma simultânea, buscar na educação e em meios de distribuição de renda, a redução de desigualdades financeiras e culturais.

É claro que isso parece conversa de bar. Mas sempre é bom lembrar causas e efeitos. Ações e reações. De outra forma, o debate irá patinar e a solução parecerá distante, quase inatingível. E improdutivo, com toda certeza.

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