
Políticos merecem vaias, xingamentos não
Por um caminhão de motivos que a maioria conhece e dispensa apresentações, a grande maioria dos políticos merece ser vaiada. Não é o caso, no entanto, de se ultrapassar os limites do respeito, com xingamentos chulos. Isso já é falta de educação.
É claro que a presidente Dilma Rousseff (PT) merece vaias. O governador Geraldo Alckmin (PSDB), também. Assim como os presidentes da Câmara Federal, Henrique Alves (PMDB-RN), o do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Samuel Moreira (PSDB).
No nível local, também a prefeita Dárcy Vera (PSD), o presidente da Câmara, Walter Gomes (PR), e muitos vereadores merecem vaias. Merecem e as recebem.
No ano passado, a Câmara recebeu grupos em protestos organizados. As escadarias do Palácio Rio Branco, sede da Prefeitura, também recebeu manifestantes que cobraram vários compromissos do governo. De habitação a transporte coletivo, passando por saúde e educação, os grupos se revezaram em reivindicar.
É claro que ocorreram excessos em vários casos. O plenário da Câmara chegou a ser invadido e os manifestantes atiraram, no local, bombas e sinalizadores. Gritos de fora fulano ou beltrano foram muitos. Mas xingamento pessoal não chegou a ocorrer.
Também na prefeitura, as cobranças aconteceram de forma séria, contundente, mas não houve falta de respeito com os responsáveis pelo governo. Nada próximo do que fizeram com a presidente Dilma, na abertura da Copa do Mundo.
Quem participou dos xingamentos esqueceu os preceitos mínimos da democracia. Deixou de entender que ali estava uma autoridade legitimamente constituída, eleita por maioria de votos.
Se o governo é ruim, merece cobrança, protestos nas ruas e, claro, voto contrário nas eleições. Aliás, o protesto mais legítimo que o eleitor pode fazer é rejeitar nas urnas o mal político.
Mas a pessoa do gestor público deve ser preservada sempre. Principalmente de xingamentos e citações chulas, como foi o caso que ocorreu na abertura da Copa.