
Por um encontro de contas
A campanha presidencial, que se desenvolve de forma muito equilibrada, está a merecer um encontro de contas. Uma espécie de compensação entre os dois candidatos. Seria bom, por exemplo, se fazer uma soma dos valores de desvios financeiros de um e outro.
A soma dos valores perdidos para a corrupção, pelas mãos dos dois partidos poderá ser levantada e divulgada para a população. As falhas de ambos nos mais variados setores já está a merecer uma tabela, um infográfico.
É bastante possível que um tenha mais falhas em um setor enquanto o adversário (a) falhou em outro. Mas assim o eleitor poderia estabelecer uma escala de valores, segundo sua compreensão e limite de tolerância.
Por exemplo, se o candidato A permitiu que se roubasse – via propina – R$ 100 milhões e o candidato B tenha “abonado” o desvio de valor similar, o eleitor poderá decidir qual situação é mais grave, a ponto de rejeitar um pleiteante e aceitar outro
Mas com uma disputa tão equilibrada, incluindo as mentiras contadas repetidamente todos os dias por ambas as campanhas, já está na hora de o eleitor exigir que cada peça publicitária de campanha, cada comercial, passe antes por um mentirômetro.
Melhor, talvez fosse o caso de um mentirômetro presente no último debate entre os dois candidatos. Assim como um medidor de ironias desnecessárias que só irritam o eleitor.
Isso porque a campanha se enveredou por um mar de denúncias infundadas e meias verdades que levam o eleitor a erro. Pior, os responsáveis pelas barbaridades levadas ao público desconsideram a inteligência do eleitor.
Fosse a campanha publicitária de dois produtos concorrentes, certamente o Conselho de Regulamentação Publicitária (Conar) já teria interferido. Porque neste caso se exige um mínimo de ética. Um certo tanto de respeito mútuo.
Como o que está em disputa não é o consumidor, mas o eleitor, os responsáveis pela divulgação abusam um pouco. E o Tribunal Superior Eleitoral, dentro de suas limitações, vai punindo aqui e ali.
A continuar desta forma, a campanha tem tudo para aumentar em muito uma certa população de eleitores: a dos ausentes no dia do pleito
E então senhores candidatos e marqueteiros, vamos fazer o encontro de contas? ainda dá tempo.
DORMINDO COM O INIMIGO?
Pode parecer estranho, mas as campanhas dos candidatos à Presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) tem falado muito “do outro”. Na propaganda eleitoral de segunda-feira à tarde, na TV, a campanha tucana citou Dilma 13 vezes. Exibido em seguida, o programa da petista falou o nome de Aécio cinco vezes. Nem é preciso dizer que em ambos os casos as citações foram para criticar, difamar.
DESCONSTRUÇÃO
Os eleitores mais atentos já devem ter percebido há tempos que esta não vem sendo uma campanha de construção, de apresentação de propostas afirmativas. Muito pelo contrário, parece com chances de vencer o que conseguir desconstruir mais o nome do adversário, atacando sua honra, seu caráter. Sugerindo que a campanha do oponente mente, que seus números são falsos.
FIM DE LINHA
Por este motivo (e certamente também por outros), Marina Silva ficou pelo caminho. No domingo, um dos dois candidatos ficará também pelo caminho. Faz parte da disputa e apenas um vence. Mas o vencedor (seja qual for) não poderá dizer que é o melhor. Ou o que tem as melhores propostas. Mas que foi eficiente na desconstrução do nome adversário. Pior para o eleitor que precisa “colaborar” com isto que aí se apresenta.