Qual mudança, companheiro?

Qual mudança, companheiro?

Certa feita, uma mosca caiu em um copo cheio de água. Uma outra mosca, sua amiga, sugeriu que ela batesse as asas rapidamente, ação que a impulsionaria para a borda. Ela fez e deu certo.

Tempos depois a mesma mosca caiu em um copo de leite. Bateu rapidamente suas asas. O leite líquido fez espuma, ela não conseguiu chegar à borda e morreu afogada. Isso significa que é preciso buscar novas soluções de acordo com as circunstâncias.

“Não use velhos mapas para descobrir novas terras”, disse Gil Giardelli, um teórico da comunicação digital como a incentivar mudanças a serem feitas com situações realmente novas, experiências inovadoras.

Pois bem, toda essa introdução é para falar, sim, de política e campanha eleitoral para presidente da República. Das mudanças que os partidos tentam vender aos eleitores utilizando velhas estratégias e mapas corroídos.

Nesta curta campanha eleitoral do segundo turno, vamos ouvir exaustivamente a palavra mudança. Quem já governa fala em mudanças, como se o governo estivesse ruim. Quem está na oposição fala em mudanças, assim com mais propriedade. Mas nem tanto.

E os governistas apontam para mudanças de braços dados com velhas raposas da política nacional. Abraçados com arcaicos conservadores e até com um político que ajudaram a cassar há pouco mais de 20 anos.

Pelos caminhos da mudança, andam lado a lado com um partido que em tempos áureos enfrentou a ditadura, elegeu consideráveis homens públicos, mas que depois acolheu quem apoiou o regime militar.

Do outro lado do discurso de mudança temos também um herdeiro da velha política, como diria Marina Silva. Também lá, mesmo que as falas sejam afinadas, há velhos comandantes dando palpites, ditando regras.

Então pode ser que tais mudanças sejam mesmo apenas um discurso ensaiado e repetitivo nos mais variados canais de comunicação com o eleitor.

Resta então a quem vai votar, eliminar a expectativa de grandes mudanças e ver o que sobra de bom e de ruim em cada candidato. E por esse critério decidir o voto.

Com base nas prometidas mudanças não parece, nem de longe, ser a melhor forma de escolher.

Compartilhar: