
Quem está limpo?
Aparentemente, em se tratando de políticos é difícil encontrar quem possa atirar a primeira pedra
Olha que pergunta difícil de responder. Há partidos limpos, ilibados e que podem jurar de pés juntos que nunca praticaram uma ilegalidade sequer? Ao que parece esta sigla ainda está para ser criada. E após a criação terá também o seu senão de culpa.
As declarações do ex-diretor da área internacional da Petrobrás, Nestor Cerveró, sobre o pagamento de propina de US$ 100 milhões a integrantes do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) mostra que é possível ir encontrando culpa em outras siglas.
É claro que ninguém imaginava que o PSDB – que já governou o País e chefia o Executivo de vários estados e municípios – estaria imaculado, com o poder de denunciar o PT, PMDB, PP ou outra sigla qualquer.
Tem culpa sim. Tanto que já teve filiado graúdo (o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo) condenado por ser beneficiado no mensalão. O partido também sofre acusações em São Paulo e em outros locais onde governa.
Então, quem deveria denunciar fica na encolha, com medo de puxarem mais um pouco o fio sujo das práticas ilegais, ou dos mal feitos, como prefere dizer pessoas do governo federal. Há muito mal feito. Ninguém está limpo o bastante para atirar no outro.
É uma situação que se repete nos três níveis de governo e em praticamente todos os partidos. Haverá, no mínimo uma maldade leve, um crime de menor monta. Mas sempre haverá. Quem quiser que desminta a afirmação. E prove o contrário.
Há claro, políticos bem intencionados, que trabalham realmente em favor de seus eleitores, mas dificilmente poderá dizer que não tem nenhuma mancha a esconder. Porque todos são obra de um sistema eleitoral perverso, que exige altos investimentos em campanha.
Não que o sistema eleitoral justifique o recebimento indiscriminado de recursos, mas sem estes é muito difícil conseguir a eleição. Assim, na busca dos votos é preciso gastar muito mais que os subsídios que virão durante o mandato.
Se há necessidade de mais recursos, eles terão que vir de algum lugar. Pronto. Ao menos um compromisso está selado. É preciso dar um jeito de “devolver o favor” durante o mandato conquistado.
Assim, pelo financiamento de campanha com recursos privados ou pelo desvio de valores é que partidos e candidatos se sujam. E se todos fazem campanha, não se encontrará santos nesse meio.
QUALIDADE DA ÁGUA
Por determinação da Secretaria Municipal da Saúde, a água distribuída em Ribeirão Preto terá planilha de Plano de Amostragem, com a análise de seis componentes do líquido. A informação dos dados deverá ser mensal, de acordo com portaria assinada pelo secretário da Saúde, Stênio Miranda. Apesar da coleta mensal de dados, obedecendo a vários parâmetros, a apresentação da planilha será anual, sempre no dia 31 de janeiro.
DERROTAS SEGUIDAS
O ex-deputado federal Fernando Chiarelli vem sofrendo derrotas seguidas na Justiça Eleitoral. As duas últimas foram publicadas no Diário da Justiça Eletrônica e referem-se a dois processos movidos pelo Ministério Público Eleitoral e em que o político é réu. Chiarelli pediu a expedição de carta rogatória – que permite a realização de atos e diligências processuais no exterior – nos dois casos de ação penal a que responde, mas teve o pedido negado pelo juiz eleitoral Paulo César Gentile.
NÃO IMPRESCINDÍVEL
O juiz alega que o réu foi intimado a justificar o pedido, mas este teria se limitado a informar que se trata de testemunha presencial e imprescindível à elucidação dos fatos, sem oferecer, entretanto, subsídios a amparar a imprescindibilidade de se movimentar a máquina judiciária com a expedição da referida carta. “Nota-se à evidência, interesse meramente protelatório, com o intuito de alcançar a prescrição”, registra a decisão pelo indeferimento do pedido.
ELE DISSE
“Afirmações vagas como essa, que se referem genericamente a um período no qual eu era presidente e a um ex-presidente da Petrobras já falecido (Francisco Gros), sem especificar pessoas envolvidas, servem apenas para confundir e não trazem elementos que permitam verificação".
Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-presidente da República (1995-2002) ao se defender e defender Francisco Gros de acusação de que teria ocorrido pagamento de propina de US$ 100 milhões a dirigentes da Petrobrás, durante seu governo.
Foto: Gustavo Lima/Câmara dos Deputados