
As razões de cada qual
É muito difícil dizer que os servidores da saúde em greve não têm razão. Afinal buscam o cumprimento de um acordo firmado com a Administração Municipal e contavam com o benefício. E a negociação foi, pelo menos aparentemente, tranquila, embora intensa e por vários meses, com atos na Câmara Municipal e ajuda de vereadores.
Por outro lado é também difícil negar razão à Prefeitura neste momento de necessidade de redução de gastos com servidores. É claro que opositores sempre apontarão para a redução de outros gastos, corte de comissionados e chefes de setores. Pode ser.
Mas se a Prefeitura sair demitindo todos os ocupantes de cargo em comissão vai passar a impressão de que nunca precisou de tais funcionários. Pode-se até dizer que já poderia ter reduzido mais do que reduziu desde o anúncio do corte de gastos com funcionalismo, mas saber se ainda é possível cortar mais cabe ao governo municipal.
Há então uma “luta” onde a razão pode assistir aos dois lados. Onde servidores buscam algo legítimo e a Prefeitura nega também por razões legítimas. Pelo menos neste momento de obrigações apertadas de corte de despesas.
Falta razão aos dois lados quando o diálogo passa a ser substituído por uma judicialização das relações trabalhistas. Quando o Judiciário é chamado a resolver questões administrativas que poderiam ser resolvidas em conversas civilizadas, que ainda podem ocorrer.
Sem nenhuma razão mesmo ficou o cidadão, que deveria ser “servido” por funcionários municipais. Aliás, é o cidadão responsável pelo pagamento do custeio da pesada máquina público o único a não opinar. Nunca perguntam ao verdadeiro patrão se o trabalho deve ser menos ou mais. Se o salário está razoável ou precisa ser aumentado.
E fica ainda mais sem razão quando o atendimento já deficiente tende a piorar com a paralisação, mesmo que parcial, dos serviços. Que então as partes encontrem uma saída de consenso para devolver a razão ao contribuinte.
É o que se espera.