Riscos do descontentamento

Riscos do descontentamento

Há descontrole de ações e reações por parte de governo, opositores e manifestantes

A nomeação  do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para chefiar a Casa Civil do governo federal foi uma espécie de estopim que se acendeu na população já descontente com os rumos que o governo tem dado ao País.

Pior que isto - para o governo -, mostrou aos governantes que há uma sociedade civil organizada e disposta a não aceitar passivamente nomeações com aparência de manobra, como a que ocorreu nesta quarta-feira, 16. Fato já "avisado" em manifestações três dias antes.

Outro fator que os grupos organizados, com o apoio de partidos de oposição e ajuda das redes sociais, mostrou ao governo foi a facilidade de organização e convocação se manifestações, de forma eficiente e muito rápida.

Em vários pontos do País, incluindo Ribeirão Preto, os grupos se organizaram, convocaram seus simpatizantes e foram às ruas protestar e dizer que não aceitam mais qualquer medida ou ação deste governo.

Mas é exatamente nesta mobilidade e no descontentamento de grande parte da população é que reside o risco de situação mais séria para o País. Até de uma convulsão social com características de guerra civil.

Em meio a este risco há ingredientes muitos a facilitar situações desastradas sem o menor planejamento ou cálculo de extensão dos estragos. De parte a parte. O governo por querer mostrar comando e desejo de vencer a crise. A oposição por aproveitar o momento de fraqueza.

O governo, que nunca teve a aparência tão forte de fraqueza, apontou boa capacidade de ignorar os alertas "gritados" pela população. A ponto de aparentemente demonstrar disposição em mostrar a força e o poder que não mais detém.

Os grupos, por seu turno, parecem dispostos a enfrentar o governo até conseguir a posição que lhes seja favorável. O que não será fácil. Ou quase impossível. É por isso que tudo aponta para um embate perigoso, de final imprevisível.

Ideal seria o diálogo, o acordo, o consenso. Mas as partes já perderam seus ouvidos. Restam-lhes voz apenas. E em tom alto e raivoso.

Os fatos apontam, então, para um final não muito feliz do confronto. Onde haverá muitos perdedores. E há risco. Muito risco.

CAMPEÕES DE AUDIÊNCIA
As vozes de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff nunca foram antes tão ouvidas. Principalmente com o tipo de assunto revelado pelos grampos liberados pela Justiça Federal do Paraná. Os áudios revelam o Lula como um língua solta para falar palavrões e xingar adversários.

CONTAINERES DE TRANQUEIRAS
Em poucas palavras o ex-presidente denegriu os presentes recebidos enquanto era presidente da República e, claro, quem o presenteou nos oito anos em que esteve no Palácio do Planalto. Disse que jogará as “tranqueiras” recebidas em frente ao Ministério Público. Não parecia ser assim tão tranqueiras os containeres de presentes que ele fez questão de levar embora do palácio.

COMPROMETEDOR
Há áudios irritantes, irônicos, que demonstram raiva, rancor de muitas pessoas. Mas o principal deles, gravado ontem pelo grampo da Polícia Federal, é o que a presidente Dilma Rousseff afirma ter enviado a Lula o termo de posse no Ministério da Casa Civil, para evitar qualquer possibilidade de prisão determinada pela Justiça Federal do Paraná.

Foto: Ibraim Leão

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