
Sem folia?
O carnaval de Ribeirão Preto tem tudo para ser menos barulhento. Sem desfile na avenida. Sem concurso de escolas de samba e blocos. Sem o brilho nem tão brilhante de outros tempos. Tudo por falta de recursos. Públicos e privados. Carnavalescos esperam dinheiro público para pagar parte de suas despesas. Mas o cofre está vazio neste ano.
É nestes momentos que voltam as discussões de um carnaval sustentável. De escolas e blocos buscando na sociedade recursos para seus desfiles. E formas existem. São ainda ineficientes para custear todo o espetáculo. Por isso a sempre presente ajuda pública.
Não está errado. Uma festa popular deve depender de recursos públicos. Mas que a necessidade seja cada vez menor, para que o contribuinte que se refugia no carnaval, que não admira a folia fique a pagar por uma diversão que não lhe assiste.
Afinal, o setor público é tão cheio de necessidades que muitos se revoltam com o dinheiro gasto com foliões, desfiles e que tais. Há prioridades tão gritantes que sempre é bom ponderar gastos menos necessários.
Que os carnavalescos se organizem. Produzam eventos durante o ano e levantem recursos. E é visível o talento de muitos para fazer um bom espetáculo que encha os olhos do público. Com um show que vale a pena há até a possibilidade de cobrança de ingressos.
Com capacidade para andar com pernas próprias, escolas, blocos e assemelhados ganham o direito de cobrar estrutura do setor público, como um local bem preparado para a festa, onde espectadores possam ter conforto e, claro, um samba cadenciado.
O ruim de tudo isso é que essa parece ser uma discussão estéril que acontece de tempos em tempos. Se discute a implantação de um lugar fixo, uma arena multiuso, enfim, onde se possa fazer desfiles. O debate, no entanto, chega sempre atrasado e às portas de o evento acontecer. Falta planejamento.
Outro fator ruim é que o poder público não está reduzindo recursos para aplicação em outros setores. A falta de dinheiro é que levou à situação. Aí também faltou planejamento. Infelizmente.