
Sempre uma primeira vez
Há sempre, para tudo, uma primeira vez. Até porque nada começa pela segunda vez. Nesta terça-feira a Câmara Municipal de Ribeirão deve ter a sua estréia na mudança de opinião sobre a qualidade de um projeto entre a primeira e segunda votações. Com aprovação seguida de reprovação. Coisa nunca antes vista na Câmara da cidade. E situação muito rara em qualquer Casa Legislativa por aí.
O comum é a segunda votação servir apenas para homologar o já decidido em primeira análise. No caso do projeto de hoje, a segundo votação é necessária em função da apresentação de emendas, também já aprovadas. Mas não se trata de um projeto que ficou ruim após a sua aprovação. Nem os vereadores mudaram a forma de pensar.
Uma segunda votação contrariando a primeira só deve ocorrer porque a primeira votação nem poderia ter ocorrido, na opinião de alguns vereadores da oposição e até da situação, já que a aprovação foi apertada, por dez votos a nove. Mesmo com o alerta de que a matéria só poderia ser votada após realização de audiência pública, os vereadores da base decidiram votar “com o governo”.
Ficaram todos de saia justa. O Executivo descobriu a falha própria, apoiado pelo Legislativo que seguiu junto no erro, e mandou suspender a segunda votação do projeto. Ficou um pouco pior, porque não é mais o caso de suspensão ou retirada do projeto, que já teve uma primeira aprovação.
E, às pressas, o governo convocou uma audiência pública também já considerada ilegal por alguns técnicos, para discutir um projeto que já teve sua votação iniciada, ou para debater um que ainda não existe. Sim, é isso mesmo que você está lendo. É trapalhada gigante, pra ninguém botar defeito.
Isso porque a Câmara foi pega no contrapé depois de aprovar o projeto. Agora é voz corrente entre os vereadores aliados do Palácio Rio Branco que o melhor caminho é rejeitar a matéria em segunda votação. Antigos vereadores dizem nunca ter visto tal situação. O presidente da Câmara, Walter Gomes (PR) diz que sempre é preciso ter uma primeira vez.
O ruim, para os vereadores, que é uma primeira vez ruim, manchada. Uma primeira vez para ser esquecida para sempre. Assim com um misto de vergonha, pouca competência e visão distorcida provocada pelo apoio incondicional.