Sessão pra esquecer

Sessão pra esquecer

Rejeição da LDO pelos vereadores representa muito mais que ironia com a oposição

Sobraram ironias, risinhos de canto de boca e justificativas estapafúrdias. Na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, a bancada de apoio à prefeita Dárcy Vera (PSD) não mediu esforços para realizar um gesto incompatível com pessoas que têm alguma responsabilidade com a cidade.

Rejeitou o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deixou a cidade sem planejamento e sem orçamento de 2017. De quebra conseguiu ampliar uma crise financeira já de tamanho exagerado. A conta será dos eleitores/contribuintes.

A oposição nem chegou a acreditar direito no que viu e ouviu. Mas os todos os vereadores que estavam no plenário decidiram votar não ao projeto da LDO, acompanhando a defesa de opositores.

Não que estes parlamentares estivessem corretos, porque esperavam apenas alertar a Administração Municipal do rombo que estava sendo criado. Carregaram um pouco de culpa. Principalmente na ironia de governistas de que foram convencidos.

Nunca se viu naquela Casa da avenida Jerônimo Gonçalves tanto convencimento. Houve também quem disse ter votado contra para não deixar para a oposição o discurso eleitoral. Sim, é isso mesmo que você leu. Melhor arruinar a cidade que acender holofotes para opositores.

Mais do que isso. A continuação de uma manobra que teve início na sessão anterior (quando a sessão foi encerrada abruptamente em meio a um discurso), teve o claro propósito de prejudicar o futuro prefeito, independentemente de quem quer que seja.

Aparentemente os governistas não apostam um tostão furado na vitória de algum candidato apoiado pelo governo municipal. Não era motivo para sujeitar a futura administração municipal a um cenário ainda mais tenebroso.

Agora teremos em 2017 uma cidade endividada, com receitas em queda (em função da crise econômica nacional) e sem um orçamento que permita qualquer movimentação para adequações.

Nessa votação negativa os vereadores extrapolaram todos os limites. Não que devessem aprovar o projeto como estava, mas por não mover uma palha pela mudança. É sempre bom lembrar que o projeto de LDO foi entregue no final de abril.

Eles foram alertados desde o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias, em outubro do ano passado, dos riscos de rombo e receita superestimada. O alerta, repetido no mês passado para a LDO, foi do Observatório Social de Ribeirão Preto.

Ao invés de negociar com o governo um acerto nos números, uma aproximação com a realidade, os vereadores tomaram uma descida, um caminho mais fácil, que pode levar a cidade a um despenhadeiro.

A irresponsabilidade, caro eleitor/contribuinte, deve ser lembrada na hora do voto, dia 2 de outubro.

NEM PERCEBEU
O vereador Jorge Parada (PT) está livre de acusações sobre a rejeição da LDO. Ele tinha saído do plenário no momento da votação para ir ao seu gabinete. Ao voltar, nem sabia que a votação havia ocorrido. Perguntado sobre como votaria, disse que pela aprovação. Mas a rejeição já tinha sido sacramentada.

RIGOR NA TERÇA-FEIRA
Como se a Câmara Municipal fosse o mais puro exemplo de rigor no cumprimento ao Regimento Interno, na extraordinária de terça-feira, 5, o presidente em exercício da sessão, vereador Bebé (PSD) interrompeu o discurso do vereador Samuel Zanferdini (PMDB) no meio para encerrar a sessão, que estava com tempo regimental terminando e porque nenhum vereador havia pedido o prolongamento das discussões. Quem frequenta as sessões da Casa sabe o quanto o Regimento é ignorado.

PAIS DA RMRP
Alguns jornalistas de Ribeirão Preto já não aguentam mais ouvir falar de Região Metropolitana de Ribeirão Preto. A cada ato divulgado, ainda não prático, diga-se, vários “pais” do projeto enviam declarações sobre o assunto pelos mais variados meios. Com textos e imagens, o que inclui a produção de pequenos vídeos.

FIM DO PSTU
Filiados do PSTU em Ribeirão Preto deixaram o partido em bloco. Segundo Mauro da Silva Ignácio, então vice presidente da sigla na cidade, o espaço democrático ficou estreito e todos pediram desfiliação. De acordo com o Filiaweb, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PSTU tinha 51 filiados na cidade, a maioria (18) na 266ª Zona Eleitoral.

NOVA ORGANIZAÇÃO
Mauro Ignácio, que foi o candidato a prefeito pela sigla em 2012, os ex-filiados debatem a construção de uma nova organização nacional. O grupo até distribuiu um manifesto com suas conclusões a respeito de várias discussões dentro do partido em que aponta rejeitar a “tentativa de reeditar, trinta anos depois, a experiência reformista do PT, como faz hoje a direção majoritária do PSOL”, aponta parte do manifesto.

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