
Sim, eu voto distrital
Uma grande parte dos eleitores vive a pedir reforma política. E o primeiro projeto aprovado no Senado já ganhou uma moção de repúdio dos vereadores de Ribeirão Preto. O projeto em questão cria o voto distrital para vereadores de cidades com mais de 200 mil eleitores, caso de Ribeirão.
De autoria do senador tucano José Serra, de São Paulo, a proposta vai ainda à votação na Câmara dos Deputados. A rejeição dos vereadores não é partidária e muito menos por ideologia política. Muito antes disso representa o temor da não reeleição.
Só por isso o projeto já merece prosperar na Câmara Federal. Ao representar riscos a vereadores que mais se preocupam com homenagens do que com a fiscalização do Executivo, por exemplo, o projeto já tem grande alcance e valor cívico. E, por isso, merece aprovação.
Mas a proposta ainda acumula outros valores e vantagens. O eleitor poderá escolher seu vereador entre pessoas de seu distrito, sua região. Logo, gente conhecida.
Com a redução de território, a campanha fica mais concentrada, custa menos e o candidato terá mais tempo para mostrar suas propostas. Campanha mais barata representa menor risco de corrupção. Menos dinheiro de origem duvidosa.
Assim, quem é contra o voto distrital é, no mínimo, a favor das campanhas caras, onde é preciso arrecadar durante o pleito e devolver o dinheiro depois, durante o mandato.
Ora, com área de atuação menor, o candidato só pode fazer uma campanha melhor. Ou terei perdido todas as noções de bom senso?
Com uma campanha melhor, o eleitor pode conhecer mais os candidatos e fazer uma escolha mais acertada. E, depois das eleições, cobrar e fiscalizar melhor os os eleitos, em função da maior proximidade.
É este o segundo temor dos vereadores. A fiscalização de seus eleitores, que agora estão mais próximos. Não é possível haver outros motivos.
Se há delimitação, o trabalho do vereador tende a ser melhor. Se trabalha melhor, tem maior chance de reeleição. É cíclico como a roda da economia.
Então viva o voto distrital como uma experiência em busca do aperfeiçoamento do sistema eleitoral. Afinal não são os próprios políticos que vivem a defender o voto em candidatos da cidade, quando de eleições para deputado?
Em tese, votar no candidato do distrito tem o mesmo efeito. Ou não, senhores?