Sucessão de irresponsabilidades

Sucessão de irresponsabilidades

É difícil imaginar que uma obra que custa menos de 1% do orçamento precise esperar 21 anos

Um incêndio na quarta, a queda de uma árvore na quinta e uma população ilhada dentro e fora do complexo Ribeirão Verde, zona Leste de Ribeirão Preto. Uma situação difícil para cerca de 70 mil moradores de vários bairros do complexo que conta apenas com uma avenida de mão dupla e pista simples, sem acostamento.

Os imediatistas já devem estar culpando os vereadores de oposição pela não duplicação da avenida Antonia Mugnato Marincek. Principalmente o vereador Marcos Papa (sem partido), que por duas vezes representou contra o edital de licitação de obras que incluem a duplicação de tal avenida. Melhor deixar o imediatismo de lado e refletir um pouco.

A história tem 21 anos. Tem maioridade. O bairro é de 1994, criado no primeiro mandato do então prefeito Antonio Palocci Filho, com os tais lotes urbanizados. Pois bem, havia apenas aquela via de ida e volta. Em seguida sentaram-se na cadeira de prefeito Luiz Roberto Jábali, novamente Antonio Palocci, Gilberto Maggioni, Welson Gasparini e, por último, Dárcy Vera, já por seis anos e meio.

Querem saber os partidos? Pois não. PT, PSDB, PT, PSDB, DEM, sucedido pelo PSD. Não se trata de nomes e partidos. Trata-se de falta de vontade política e, principalmente, de vontade política da maioria dos prefeitos que geriram a cidade nestes 21 anos. Dárcy Vera pode dizer que buscou recursos e que tenta fazer a obra, mas já poderia ter começado.

Para reforçar os argumentos é preciso fazer umas contas. A região tem cerca de 70 mil habitantes, logo uma população superior aos 10% dos moradores da cidade. E não conseguem uma obra que custa menos de 1% (aproximadamente R$ 20 milhões) do orçamento anual do município, de aproximadamente R$ 2,5 bilhões.

É claro que as administrações públicas têm orçamentos engessados e muito pouco sobra para investimentos. Mas se algum prefeito tivesse destinado 0,25% do orçamento (em valores de hoje e lembrando que houve também correção de custos das obras) em quatro anos a avenida estava duplicada e todo o transtorno desta semana estaria evitado.

Mas ninguém se importou muito com isso. Agora correm todos para apagar incêndios, no sentido literal e figurado. E a população fica ilhada por uma via fechada, mesmo que parcialmente. Que estes moradores também fechem os olhos e ouvidos a certos tipos de políticos no ano que vem.

É a mínima reação, responsável, que podem ter.

PEDAIS À SOLTA
O Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto acusa, pela terceira vez em uma semana, a Prefeitura de praticar pedaladas fiscais. Segundo a entidade, a Administração Municipal deixa de repassar as cotas patronais do Instituto de Previdência dos Municipiários (IPM) e do ao Serviço de Assistência e Seguro Social dos Municipiários (Sassom), além de deixar de pagar empresas de ônibus intermunicipais que transportam servidores. Pelo menos teoricamente, a Prefeitura já descontou os valores dos servidores, daí a acusação de pedaladas.

SEM DESMENTIDO
Com a Prefeitura não desmente categoricamente e até admite ter tomado algumas providência, como agendamento de reunião para tratar de um dos atrasos, supõe-se que o sindicato esteja falando a verdade.

BATATA QUENTE
Poucos, na Câmara Municipal, querem falar de um assunto que deveria preocupar as autoridades políticas da cidade: a análise e votação do projeto de revisão do Plano Diretor, que há cerca de um ano está na Câmara. Um dos que o evita é o presidente da Mesa Diretora, Walter Gomes (PR). “Sobre o Plano diretor você fala com o Cícero”, dispara. O Cícero em questão é o Gomes da Silva (PMDB), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ).Parece não fazer muito tempo que a CCJ passou a decidir os destinos da pauta da Câmara.

ELE DISSE
“Se estas obras tivessem começado em fevereiro (deste ano), um terço já estaria pronto”
Genivaldo Gomes (PSD), vereador em Ribeirão Preto, falando sobre as obras de duplicação da avenida Antonia Mugnato Marincek, hoje emperradas pela contestação da licitação

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