
Velhas práticas, novos resultados
Quando a presidente Dilma Rousseff usou em sua campanha a velha forma da mentira para pedir votos, certamente não imaginou que isso poderia representar um verdadeiro desastre em futuro tão próximo.
Aparentemente, pedir votos oferecendo o céu quando nem se tem a terra parece estar se tornando, finalmente, um péssimo negócio para políticos que insistem em mentir descaradamente.
O resultado veio antes. Presidente certamente não imaginava que poderia obter resultado prático tão ruim antes de terminar o primeiro quadrimestre do seu governo.
Em menos de quatro meses de mandato a presidente amarga uma crise quase sem precedentes na governança pública. Há uma combinação de crises econômica, política e – principalmente – de credibilidade do governo como um todo.
Em campanha disse que não tomaria as medidas que agora toma. E que são necessárias, diga-se. Faltou, no entanto, dizer. Os necessários ajustes esbarram em protestos populares e, pior, na indisposição dos parlamentares em aprovar os projetos.
Também durante a campanha, sem explicar muito, sem detalhar, o adversário da presidente, senador Aécio Neves, afirmou que tomaria “medidas impopulares”, caso fosse eleito.
Ao invés de adotar a mesma postura, a então candidata preferiu ironizar o discurso do oponente. Chegou a dizer que não adotaria tais medidas nem que as vacas tossissem, utilizando um adágio popular que demonstra impossibilidade.
Mas parece que as vacas de um pasto inteiro tossiram. Ficaram doentes. Aparentemente o número de bovinos diminuiu e a carne subiu. A inflação corrói ganhos e há reformas que provocam perdas para empregados e empregadores.
Mas agora a população deixou de aplaudir o governo. Ao contrário, o critica. Mesmo grupos que protestam em defesa da democracia e da Petrobrás, de onde surgem denúncias e mais denúncias de corrupção, se opõem às medidas propostas pelo governo.
A enganação, o filme bonito da campanha, as obras mostradas largamente em produções de marketing caprichadas ruíram antes do tempo, para o terror do governo e, por extensão, dos brasileiros.
O sofrimento está posto. Mesmo que a mentira seja apenas da equipe de campanha – certamente aprovada pela então candidata – a conta será rateada por todos.
Custa caro, mas os políticos também precisam aprender que em uma era onde a comunicação ganha cada vez mais espaço e é produzida por muito mais pessoas, as velhas práticas devem ser sepultadas.
E que gravem na mente a frase de Gil Giardelli: “Não podemos usar velhos mapas, para descobrir novas terras”. Pode ser o início de um novo caminho também na política.
O QUASE EMPATE
Os vereadores de Ribeirão Preto votaram três requerimentos da vereadora Gláucia Berenice (PSDB) pela convocação dos secretários municipais Sérgio Nalini (Fazenda), Osvaldo Ceoldo (Governo) e do superintendente da Coderp, Ricardo Ribeiro. Nos três casos a votação ficou quase empatada. Enquanto dez apoiaram a convocação, 11 votaram contra.
SAIA JUSTA
O vereador André Luiz da Silva (PCdoB) ficou em uma saia justa. Ele conversava com um assessor enquanto a votação se realizava. Quando foi votar havia empate de 10 a 10, já com o voto do presidente Walter Gomes (PR). O comunista até apertou o botão da abstenção, mas em seguida optou por acompanhar a base aliada e votar contra a convocação, voto que repetiu nas duas votações seguintes.ELE DISSE
“A única coisa que está rachada na cidade é o pilar da ponte”
Vereador Marcos Papa (sem partido)
A afirmação foi para dizer que não há cisão na base aliada da prefeita na Câmara e uma alusão a projeto de sua autoria, vetado pelo Executivo, que previa a divulgação de vistorias feitas em obras civis da cidade, pontes entre elas.