Vermelho escorraçado

Vermelho escorraçado

De quatro partidos com vermelho em suas bandeiras, apenas um utiliza a cor na campanha; estrela do PT também anda sumida

É o efeito impeachment. Candidatos a prefeito de Ribeirão Preto decidiram abolir o vermelho de suas peças de campanha eleitoral porque a cor lembra o PT, que está com a imagem bastante arranhada com as denúncias que levaram ao afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT).

Alguns candidatos petistas a cargos majoritários também têm preferido outras cores e abolido a estrela petista de seus materiais de campanha.

Com candidatos próprios em Ribeirão Preto, o PDT (12), o PTB (14), o PSB (40) e o PCdoB (65) têm o vermelho em suas bandeiras, em seus materiais de divulgação. O PDT tem também o azul escuro e o PTB, o preto, assim como o PSB tem o amarelo como cor secundária. Já o PCdoB tem praticamente apenas o vermelho.

Na campanha eleitoral na TV, no entanto, o vermelho ficou apenas na propaganda de Rodrigo Camargo (PTB). A cor que circunda o número do partido é a vermelha.

O PDT, que lançou Ricardo Silva para prefeito, arranjou um verde claro, misturado com laranja e azul claro, além de letras vazadas em branco. Nada de vermelho ou azul escuro, cores do partido.

A campanha de Wagner Rodrigues (PCdoB) está longe de lembrar uma divulgação de candidato comunista. Numa mistura de cores o que menos aparece é o vermelho. O azul é o dominante, mas um branco bem claro também aparece no número do candidato.

Já a divulgação do candidato Gandini, cujo partido tem vermelho e amarelo em seu logo, abandonou de vez a coloração encarnada. Agora um verde escuro forte é misturado ao laranja nas peças de divulgação. Até a pomba da paz, com um ramo no bico, ficou verde.

Nenhum candidato está obrigado a usar as cores do partido, mas com essas “fugas” enfraquecem ainda mais as siglas nacionais, que a cada dia mais parecem legendas de brinquedo, um amontoado de letras nas mãos dos caciques e candidatos.

Com partidos esfarelando, vendendo tempo de TV e envergonhados de suas próprias cores, a democracia enfraquece, os embates salutares são deixados de lado e os eleitores ficam cada vez menos informados. 

Mas a intenção dos políticos, pelo menos em sua maioria, é mesmo não informar muito. É levar o eleitor no bico, para lhe conquistar o voto. Sem se importar muito como fazer esta conquista.

E, de quebra, passar uma imagem de que o que vale são eles, os políticos. Que são maiores que os partidos. Nada melhor para tornar a democracia em algo de faz de conta e que os partidos são meros e enferrujados veículos que os levam para o poder.

Infelizmente.

REJEITADA
Além da rejeição à cor vermelha, os candidatos de Ribeirão Preto buscam se desvencilhar da imagem da prefeita Dárcy Vera (PSD), com alto índice de rejeição em pesquisa do Ibope, divulgada pela EPTV. Princpalmente agora, depois do escândalo político vivido em Ribeirão Preto. Coligado com o PSD o candidato Rodrigo Camargo (PTB) já pediu à justiça que determine a retirada de postagem em rede social que o associa à prefeita. A justiça indeferiu o pedido.

REJEITADO
Entre os fardos desta campanha também está o PMDB. Cheio de tempo na TV e influente entre eleitores, o partido que tem o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Ricardo Silva (PDT), está com a imagem meio manchada por participar até hoje do governo da prefeita. Principalmente na Secretaria de Infraestrutura, pasta responsável pelo serviço de tapa-buraco. Ricardo já quis se ver livre de propaganda que associa os buracos da cidade ao seu maior aliado.

ANJO OU DEMÔNIO?
Em 2008 o deputado estadual Rafael Silva (PDT) brigou com seu partido para se opor à candidatura de Dárcy Vera (PSD) à prefeitura. Chegou a provocar intevenção na comissão provisória do partido na cidade e interferências em seu programa eleitoral (também foi candidato a prefeito). Em 2012 achou que ela era uma excelente candidata à reeleição e a apoiou, colocando seu filho, Ricardo Silva (PDT), eleito vereador, na chapa dela. Agora está de novo na oposição. O que será que muda na cabeça dos políticos de uma eleição para outra? Não precisa responder com palavrão.

NA SOMBRA
A campanha de Ricardo Silva cometeu um ato indigno dos grandes políticos. O anonimato para atacar. O programa dele na TV fez uma denúncia sem mostrar a cara. Na sombra. Dentro de seu tempo de TV a campanha do candidato atacou um adversário e, em seguida, informou que a propaganda do pedetista começava naquele instante, depois depois do ataque.

AME ATRASADO
O questionamento feito até faz sentido. O programa pergunta porque o adversário Duarte Nogueira (PSDB), aliado do governador tucano Geraldo Alckmin, não trouxe um só Ambulatório Médico de Especialidades (AME) para Ribeirão Preto e agora promete trazer três de uma só vez. Mas o anonimato tirou todo o brilho da peça publicitária.

TERRENOS DA DISCÓRDIA
Na sessão de terça-feira, 30, os vereadores de Ribeirão Preto aprovaram a venda de três terrenos da Prefeitura, por R$ 750 mil. Na quinta-feira, com a suspensão de nove governinstas de seus mandatos, a Câmara rejeitou o projeto em segunda discussão. Com direito a discursos inflamados apontando que a prefeita Dárcy Vera está dilapidando o patrimônio da cidade.

BENEFÍCIO A DOADORES
A Câmara também aprovou um projeto apresentado pelo vereador Coraucci Netto (PSD) que cria o plano municipal de vacinação para doadores de sangue. Coraucci diz que pretende, com o projeto, não apenas beneficiar os atuais doadores, mas ampliar o número de pessoas dispostas a fazer a doação de sangue.

 

Imagem: montagem com imagens de divulgação

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