Bolachão

Bolachão

Joguei fora meus discos de vinil. Estavam todos estragados, resultado de anos guardados, sem nenhum uso, num armário com muita umidade. Os que sobraram dei de presente. Fiquei feliz por me livrar da velharia e ainda paguei de bacana com quem ganhou. Ela nem percebeu qual de nós dois estava fazendo favor ao outro.

Tinha coisas boas lá. Algumas raridades. A Sarah Vaughan cantando musicas de Caimmy e Milton Nascimento era uma das pérolas. Ah, sim, junto com as bolachas, também dei fim nos malditos CDs. Nos da patroa, não. Só nos meus. Ela se apega aos bens materiais.

Agora, tudo o que quero ouvir está no meu iPhone velhinho, pronto para jogar no blue toth do som do carro ou de casa. Até a Sarah Vaughan está lá. Paguei um ano de Deezer. E vou pagar mais quantos puder ou tiver pela frente. A menos que apareça outra tecnologia mais prática ou possa assistir o artista ao vivo.

Enquanto isso, a molecada inventou uma bossa saudosista, chamada de vintage, que está reativando a indústria e o mercado do vinil. Eu também já tive saudades de um tempo em que não vivi. Mas dessa, especificamente, Deus me livrou. 

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