Being Here

Being Here

Groningen, 13 de novembro de 2021

Ontem foi um dia triste nos Países Baixos. O governo anunciou medidas restritivas e lock down devido ao aumento significativo de casos de corona vírus. O país bateu na última semana o recorde de novos casos desde o início da pandemia. Algumas perguntas pairaram na minha cabeça quando ouvi o pronunciamento: de novo? Quando isso vai acabar? E se voltar tudo? E se tivermos que ficar trancados em casa por meses? Como vou trabalhar, estudar e cuidar das crianças? 

O trabalho “Being Here” da artista holandesa Wies Noest que vi na Kinderbiënalle (Bienal de Crianças) no Groningen Museum imediatamente me veio à mente, trazendo conforto e esperança. A obra de arte consiste em uma sala escura com 15 objetos infláveis de tecido, coloridos, iluminados por dentro, como balões, ou barcos, baleias, lamparinas, casas, prédios, ou uma cidade inteira, flutuando no céu ou boiando em uma vasta lagoa ou mar de sonhos, neblina, mistérios e sons. Dentro de cada um desses balões há discretos roncos, pingar de líquidos, borbulhas, motores, sugerindo lugares, personagens e histórias. 

Na entrada da sala há uma pessoa que diz para as crianças: entre em silêncio e escute o barulho escondido em cada objeto. Então as crianças entram com os ouvidos alertas e os olhos maravilhados. O mundo ficcional é devidamente preparado e os expectadores interagem com a obra buscando significados.

“Being Here” faz a gente se sentir em casa, faz a gente sair do tempo real e entrar em um tempo suspenso, imaginário e fantasioso. Nada mais gostoso do que isso quando o noticiário traz notícias tão duras e temerosas. Espero que o mundo supere o corona vírus e se una cada vez mais por ideais ecológicos e humanitários e que a arte prospere para dar alento ao coração humano nos momentos de sofrimento. Obrigada Wies Noest por ensinar as crianças a sonharem e os adultos a lembrarem como se sonha. ­­

 

 

 

 

 

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