Anatomia de uma videira - 2

Anatomia de uma videira - 2

VideiraA ocasião para efetuar a poda das videiras chegou, os ramos que são removidos podem ser utilizados para produção de novas mudas. O mais importante da poda que se efetua anualmente é estimular o crescimento das videiras, que já mostram brotos após um período de dormência nos meses de inverno. Este é o ciclo natural da planta, que crescerá com mais força, desenvolverá novos ramos e folhas antes da floração, da polinização e do aparecimento de frutos. Este procedimento se repete a cada ano, seguindo rigorosamente as mudanças das estações e, juntamente com as variações climáticas, exerce influência na qualidade dos frutos e no sucesso ou no fracasso da próxima safra.

Após a poda, os novos ramos são tutorados manualmente utilizando diferentes técnicas, conforme o critério estabelecido por cada vinícola, mas o objetivo principal é facilitar a exposição aos raios solares, que devem incidir de maneira uniforme na maior área possível de cada videira no período de mudança de cor das uvas e maturação dos cachos — este importante período recebe o nome universal de “véraison”.

A data em que o “véraison” se inicia nos permite calcular quando os cachos estarão maduros para a colheita, aproximadamente, em 45 dias. As uvas brancas adquirem uma coloração amarelada e uma ligeira transparência. As tintas passam do verde para o marrom, finalizando com tons do vermelho ao roxo. Pelo menos cinco anos são necessários para que ocorra a primeira floração com produção de frutos de qualidade, prontos para a elaboração de vinhos reconhecidos como vinhos de vinhas jovens, mas as melhores bebidas são produzidas com frutos de videiras com mais de quinze anos, estendendo-se pela sua vida de até 130 anos.

Os vinhos elaborados com as uvas das chamadas “vinhas velhas” não são necessariamente de melhor qualidade do que os das mais jovens. As flores das videiras desenvolvem-se em grande quantidade a partir de uma haste única, constituindo cachos, verdadeiras inflorescências hermafroditas, o que facilita a fecundação, produzindo um grande número de frutos por cacho. Uma prática de utilização comum, ainda que discutível, para acentuar os aromas e os sabores do vinho é a redução do número de cachos em até 50% antes do início da maturação das frutas, além da eliminação de grande parte das folhas, aumentando a exposição aos raios solares, o que permitiria uma maturação mais uniforme.

Durante toda fase de crescimento, a uva, inicialmente, acumula água no seu interior ácidos; posteriormente, na fase de maturação, esses ácidos são gradativamente substituídos por açúcares e, concomitantemente, ocorre a formação de compostos fenólicos (agentes antioxidantes), que aderem ao interior da casca e ao interior das sementes, e as antocianinas, que conferem cor às uvas tintas.

Quando as uvas estão prontas para a colheita, geralmente, o açúcar medido em Brix está ao redor de 25. Métodos mais modernos e sofisticados medem quantitativamente em laboratórios os níveis de fenóis e taninos antes da colheita ao invés de utilizarem somente a medida do nível de açúcares. Uma vez atingido o “ponto de maturação ideal”, as uvas estão prontas para serem colhidas, prensadas e vinificadas. Após um período de amadurecimento, o nosso vinho está pronto para ser apreciado. Um bom final e semana para todos nós.

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