O Triângulo dos Vinhos

O Triângulo dos Vinhos

O vinho elaborado com a Vitis vinifera tem uma estrutura que pode ser comparada a de um triângulo equilátero, que, por definição, tem todos os lados iguais. Para que essa estrutura permaneça em equilíbrio constante, todas as vezes que um dos lados do triângulo é alterado, os dois outros devem igualmente se ajustar. Tal analogia pode ser transportada para os vinhos, criando, assim, o chamado Triângulo dos Vinhos, formado pelo equilíbrio entre três componentes básicos estruturais: ácidos, taninos e corpo. A criação e a subsequente manutenção do equilíbrio entre estes três componentes são os grandes desafios que os produtores de vinhos, quando realmente preocupados com a sua altíssima qualidade, têm que enfrentar. 
Quando lidamos com as características genéticas impressas no DNA de cada clone da Vitis vinífera, responsável pela tipicidade de seus frutos, não podemos nos esquecer de que essa propriedade é fortemente influenciada pelas características de cada região onde é cultivada e as variações climáticas anuais. A harmonização entre os três elementos do Triângulo dos Vinhos exige do produtor anos de experiência, conhecimentos atualizados e profunda dedicação. 
A análise de um vinho, quando feita à luz das duas grandes ciências da humanidade — a Matemática e a Filosofia — enriquecem nossos conhecimentos e aumentam o maior prazer que a vida nos pode oferecer: “da descoberta”. O vinho, com os seus componentes estruturais — os ácidos, os compostos fenólicos, como os taninos e antocianinas, e o álcool, que confere aquela sensação de viscosidade e peso na boca, desde que apreciado com moderação, em boa companhia, em um espaço aconchegante e em perfeita harmonização com os outros alimentos — é uma grande fonte de prazer. 
Nas próximas semanas, os componentes que formam o Triângulo dos Vinhos serão percorridos em detalhes para que todos nós possamos abordar e discutir com conhecimento, confiança, descontração e, acima de tudo, sem petulância, o que é um bom vinho, independentemente do país de sua origem e das uvas utilizadas na sua elaboração. 
Eu não tenho essa informação como certa, mas nada nos impede de acreditar que Euclides, o pai da Geometria, e Pitágoras, matemático e filósofo grego, à época que formulou seu importantíssimo “Teorema de Pitágoras”,  sabiam como apreciar os famosos vinhos gregos, fermentados e guardados em ânforas cobertas com resina de pinho, que impedia a oxidação, passando a perna nos romanos que, naquele tempo, não sabiam como impedir os seus vinhos de ficarem expostos à oxidação precoce e, consequentemente, serem transformados em vinagre. Até lá! Um bom fim de semana para todos nós.

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