O vinho: o desafio da escolha - 1

O vinho: o desafio da escolha - 1



Tinto, branco, rosé, espumante; se somente isto não bastasse vem o Velho Mundo e o Novo Mundo, com os seus inúmeros países, regiões, sub-regiões e denominações de origem controlada. As mais de 80 variedades de uvas viníferas — cultivadas com o objetivo único de produzir vinhos —, ao lado das mais diversificadas culturas e costumes regionais, fogem ao alcance da nossa imaginação.

Garrafas de diferentes formatos, cores, rolhas de cortiça, cápsulas de alumínio com rosca, rótulos que nem sempre nos auxiliam na escolha, ao lado de outros que trazem tudo aquilo que queremos saber antes de nossa escolha final. Para confundir um pouco mais, vem a pontuação que os experts publicam diariamente em jornais, revistas, sites e blogs na internet, bem como a opinião dos degustadores profissionais, sempre dispostos a nos proporcionar os mais diversos cursos sobre a arte de escolher e apreciar vinhos. E aí, como ficamos?

Se uma boa escolha está diretamente vinculada a tantos elementos, posso dizer que ela é realmente muito difícil, se não quase impossível. Mas, se a finalidade de um bom vinho é nos proporcionar prazer, que pode ser cada vez mais intenso à medida que os conhecemos — e nada supera um dos privilégios de sermos humanos, o prazer da descoberta —, vamos caminhar juntos por algumas semanas por caminhos que nos sejam úteis, ao mesmo tempo fáceis e, acima de tudo, prazerosos. Um gostoso desafio, como toda escolha gratificante deve ser. Mas, acima de tudo, ao lado de todos os conhecimentos importantes que possamos adquirir, nossa percepção sensorial será o nosso guia definitivo, lembrando sempre que ela se aperfeiçoa e se desenvolve através do aprendizado e da vivência diária. A Neurociência Cognitiva, com todo o merecido progresso que vem fazendo, ainda não conseguiu desmistificar aquele antigo dito de que “gosto não se discute”, mas não podemos negar que o conhecimento apura o gosto.

Será que eu preciso ler tudo isso que está escrito acima para escolher uma garrafa de um bom vinho para ser apreciada sozinha ou juntamente com uma carne vermelha, uma ave, um peixe, uma salada, um risotto, uma massa, um simples churrasquinho ou mesmo um pastel ou um burger? Claro que não, mas que ajuda, ajuda! Um dos exemplos mais simples seria a chamada harmonização regional, em que um vinho elaborado com determinada uva como, por exemplo, a Sangiovese da região italiana da Toscana, combina e exalta uma pasta acompanhada de um suculento molho de tomates maduros, um toque suave de azeite de oliva e folhas de basílico, ao passo que um Cabernet Sauvignon não seria a melhor escolha. Experimente. Aqui fica o convite para caminharmos juntos. Até lá! Um bom final de semana para todos nós.

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