Os vinhos da Sicília

Os vinhos da Sicília


A maior ilha do Mar Mediterrâneo, juntamente com pequenas outras ao seu redor, tem um clima quente e seco e solos áridos — derivados em grande parte da devastação de suas matas, frequentes erupções do mais famoso vulcão do mundo, o Etna, além de ser anualmente castigada pelos fortes ventos conhecidos nesta região como Sirocco.

Gregos, fenícios e romanos deixaram suas marcas séculos após séculos de conquistas, caindo nas mãos dos árabes-sarracenos, que legaram fortes traços de sua civilização, tanto na arquitetura quanto na culinária. Mas foram seus últimos conquistadores, os franceses e os espanhóis, que desenvolveram a viticultura até 1860, quando Garibaldi finalmente conquistou a ilha e a entregou ao rei da Itália, país da qual faz parte até os dias de hoje. 

A produção de vinhos de sobremesa foi um dos pontos altos até recentemente, quando os vinhos elaborados com variedades autóctones e francesas vêm gradativamente crescendo e desfrutando uma posição de destaque no competitivo mundo dos vinhos. 

Tradição e renovação andam lado a lado sem conflitos, com destaque para as tintas nativas Nero d’Avola, Nerello Mascalese, Nerello Cappucio, Frapatto, e as brancas Inzolia, Grecanico, Zibbibo, Malvasia, Moscato, dentre muitas outras. As francesas Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah encontraram na Sicilia um excelente local para se desenvolverem, sendo que o vinho branco elaborado com a Chardonnay, aqui cultivada e vinificada, é considerado o melhor branco da Itália, bem como merece destaque a Fiano, uma variedade nativa de Avellino, na região da Campania. 

A variedade Nero d’Avola, conhecida também como Calabrese, produz os melhores tintos da Sicilia, geralmente com alto teor alcoólico e baixa acidez, mas quando o alto nível de açúcar é controlado, apoiado em técnicas modernas de vinificação, podemos compará-los aos melhores vinhos da Itália, sendo que sua feliz e mais recente associação com a Syrah tem surpreendido os mais exigentes apreciadores. 

O Marsala doce, um vinho fortificado e produzido em Trapani, é mais utilizado para a elaboração de cremes, caldas e o famoso Zabaglione, mas quando ingerido solo como um vinho de sobremesa, o mais apreciado é o Marsala Vergine, um vinho fortificado seco, sendo que o envelhecido em barricas por mais de dez anos é o Marsala Stravecchio. 

Doce e agradável, com aroma e sabor acentuado de amêndoas, elaborado exclusivamente com a variedade Zibibbo de colheita tardia, o Passito de Pantelleria é considerado a joia da vitivinicultura da Sicilia. Outras variedades cultivadas sob o sol e o calor intenso da Sicilia são colhidas tardiamente e utilizadas na elaboração de vinhos doces naturais, cuja principal característica é a presença do aroma e do sabor do damasco. Um bom final de semana para todos nós.

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