
Rememorando os Vinhos da África do Sul
Em 27 de julho de 2010, nesta coluna semanal, publicamos um artigo intitulado “Os Vinhos da África do Sul”. O texto antecipava que, em poucos anos, os sul-africanos atingiriam um lugar de destaque, competindo, principalmente, com os vinhos produzidos na Nova Zelândia e na Austrália: “Os brancos elaborados com a Sauvignon Blanc, por sua vez, têm nos surpreendido pela intensa presença de cítricos, uma de suas mais marcantes características, mas ainda não estão à altura dos produzidos na Nova Zelândia. No entanto, a sua rápida evolução nos últimos anos, sem dúvida, será uma grande ameaça para os neozelandeses, que primam pelo frescor, e a presença marcante de abacaxi e do maracujá, que são os aromas e sabores preferidos dos consumidores adeptos dos vinhos brancos do Novo Mundo, sobretudo nos países consumidores da Europa e nos Estados Unidos”.
Essa velada ameaça se concretizou com as duas recentes safras dos vinhos brancos elaborados com a Sauvignon Blanc, que adquiriram características e tipicidade de vinhos de alta qualidade, com valores extremamente acessíveis. Os tintos elaborados com a casta francesa Syrah, originada na região do Rhône Norte, na França, cresceram de tal maneira neste curto intervalo de tempo que ocupam um lugar de destaque nas adegas de vinhos finos e nas prateleiras de supermercados do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil, com valores altamente acessíveis, para a surpresa geral.
A Chenin Blanc, por sua vez, deixou de ser utilizada somente na produção de vinhos de alto consumo e cresceu para um padrão diferenciado, juntando-se ao time dos vinhos considerados“ premium”, dentro do moderno estilo de vinificação das especialistas sul-africanas, com uma agradável e sempre desejada acidez, balanceada com um sutil e leve frescor, que estimula as mais preguiçosas papilas gustativas da nossa língua.
Já o vinho tinto elaborado com a variedade Pinotage, apesar de suas excelentes qualidades, vem sofrendo uma contínua queda na procura e apreciação, provocando um menor interesse dos produtores sul-africanos no cultivo desta casta híbrida, demonstrando a preferência pelo cultivo, pela vinificação e pela comercialização de outras variedades com maior aceitação e divulgação. A Pinotage continua sendo a variedade de uva tinta ícone dos tintos elaborados na África do Sul, assim como ainda merece um lugar de destaque entre os vinhos daquele país — lugar este que voltará a ser destaque nas próximas gerações de vitivinicultores.
Coloque os vinhos da África do Sul entre os seus preferidos. Entre as suas muitas características, destaca-se a fácil e agradável harmonização com pratos simples elaborados com um toque de ervas aromáticas e especiarias ligeiramente picantes. Um bom fim de semana para todos nós.