Uma variedade de uva branca associada à produção dos vinhos doces elaborados com uvas de colheita tardia, a Sémillon tem a sua origem na região francesa de Bordeaux, onde se destaca na elaboração dos vinhos doces mais cobiçados do mundo, que são os Sauternes e Barsac e, quando associada à Sauvignon Blanc, nos seus vinhos brancos secos. De Bordeaux, a Sémillon estendeu as raízes para outros países do Mediterrâneo, Oriente Médio, Nova Zelândia, África do Sul, Estados Unidos, Austrália e América Sul, com destaque para a região sul do Brasil, onde se aclimatizou de maneira surpreendente.

A sensibilidade desta variedade ao ataque do fungo “Botrytis cinerea” — que ao atacar algumas espécies de uvas maduras nas regiões úmidas provoca uma reação indesejável —, ao agir em climas secos, é responsável pela desejável “podridão nobre”. Esse efeito, ao desidratar os grãos das uvas, em particular a Sémillon, aumenta significativamente a concentração dos níveis de ésteres responsáveis pelos seus aromas e sabores primários típicos e o desenvolvimento precoce da glicose e da frutose à custa da redução dos níveis da sacarose.

Quando utilizada na elaboração dos vinhos brancos secos em conjunto com a Sauvignon Blanc e a Chardonnay, a Sémillon impregna nestes vinhos o seu caráter cítrico e melífero, muitas vezes, ausente naquelas duas variedades.  No sul do Brasil, a Sémillon colhida tardiamente produz vinhos doces de excelente qualidade, frequentemente associada à variedade Malvasia bianca. Patês, terrines de aves, queijos semicurados de massa firme e tortas de frutas frescas são um convite permanente para apreciarmos as qualidades inigualáveis de um vinho elaborado com a Sémillon colhida tardiamente e, principalmente, se tiver sido atacada pelo fungo “Botrytis cinerea”.  Um bom fim de semana para todos nós.