Uvas e vinhos: o produto final

Uvas e vinhos: o produto final

A principal característica de um vinho de boa para excelente qualidade está diretamente relacionada ao equilíbrio dos elementos que o compõem. Para que tal equilíbrio seja atingido durante o complexo processo de vinificação, é essencial que as uvas sejam colhidas no seu ponto ideal de maturação. Esse ponto de maturação está relacionado ao DNA de cada tipo de uva e às diferentes áreas geográficas onde elas são cultivadas. Se uma variedade de uva cultivada em uma determinada região não se adaptar às condições climáticas, o produto final será um vinho de excelente qualidade técnica, mas sem as características típicas daquela variedade, o que pode ser percebido já na hora da avaliação da sua cor.

O primeiro passo para iniciar a formação de uma vinha é conhecer detalhadamente as características da região geográfica escolhida. O segundo passo será a escolha da melhor cepa da uva para se adaptar à região. Uma vez escolhida e plantada, leva-se de cinco a dez anos para saber se aquela uva é a ideal ou não. Nesse período, os principais elementos que compõem a uva — que estão em suas cascas, polpa e sementes — passam, anualmente, por um processo fisiológico de crescimento e de maturação, sofrendo alterações anuais em seu desenvolvimento, diferentes a cada colheita, influenciados pelas mudanças ocorridas a cada ano.

Aqui já podemos fazer a nossa primeira consideração relativa à escolha de um vinho elaborado com a mesma cepa. Escolheremos a Pinot Noir, que tem aproximadamente 100 diferentes cepas registradas, de acordo com seus diferentes genomas com um potencial específico para se desenvolver melhor ou pior em diferentes regiões climáticas.
As uvas, enquanto ainda verdes, antes do início do processo de maturação, são todas aparentemente iguais, exceto pelo tamanho dos grãos e dos cachos. À medida que atingem o ponto ideal de maturação, suas características vão se fixar de acordo com o genoma e as condições geográficas da região onde estão sendo cultivadas, que incluem o “terroir” e as variações climáticas anuais. Teoricamente, obteríamos 100 diferentes tipos de vinhos originados de 100 diferentes cepas condicionadas às variações climáticas anuais de cada ciclo das videiras.

Por sua vez, o produtor utiliza, durante o processo de vinificação, diferentes critérios, sendo, por exemplo, o tempo de maceração, a escolha das diferentes barricas de carvalho ou simplesmente a utilização de aço inox com chips. Como ficaria o nosso produto final, que seria o vinho que estamos prontos para escolher e apreciar, na tentativa de uma harmonização com diferentes tipos de petiscos, queijos ou pratos elaborados com carne de diferentes origens?

Seguindo o nosso raciocínio inicial, ancorado nos fatos descritos, provavelmente nunca degustaremos o mesmo Pinot Noir pela segunda vez, pois cada garrafa de vinho — o que se aplicaria aos outros tipos de vinhos — seria única. Para sermos mais precisos, nossa escolha iniciaria pelo país e pela região de origem, pelo nome do produtor, pela safra anual, pelo ambiente e pela companhia com a qual apreciaremos o vinho. Não se prive de degustar um bom Pinot Noir, Malbec, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Riesling, Chardonnay — apenas para citar alguns exemplos — porque a sua primeira experiência não foi agradável. Lá fora existem milhares de outros vinhos elaborados com a mesma uva à sua espera. Um bom final de semana para todos nós.

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