Vinhas velhas

Vinhas velhas


Uma prática comum e muito difundida entre os produtores e negociantes de vinhos é colocar em destaque nos rótulos dos vinhos o termo “Vinhas Velhas”, “Vieilles Vignes”, “Old Vineyards”, com a finalidade única de associar a idade das videiras à qualidade de seus vinhos, que supostamente seriam melhores do que os produzidos pelas videiras mais jovens. Este termo não obedece a nenhuma regulamentação e seu uso fica estritamente restrito aos critérios adotados por cada produtor objetivando ressaltar, tão somente, que as uvas utilizadas na elaboração dos vinhos são de videiras antigas. Estes vinhos são produzidos em pequenas quantidades. Encontramos “Vieilles Vignes” nos rótulos dos vinhos franceses da Bourgogne elaborados com a Pinot Noir, “Vinhas Velhas” nos vinhos portugueses, “Old Vineyards” nos australianos elaborados com as uvas Shiraz e na Califórnia, com a Zinfandel.

Existe unanimidade quanto a usarmos os anos de determinadas videiras para justificar o título de “Vinhas Velhas”? A resposta é não, visto que, para os apreciadores desta “classificação”, ela começa aos 30 anos, para outros, aos 45 anos, e outros, ainda, aos 150 anos. Os apreciadores desses vinhos observam sua complexidade e sua profundidade, bem como seu corpo pesado descrito como gorduroso que, por sua vez, é considerado como um ponto negativo por aqueles que apreciam vinhos modernos, definidos como “leves”.

O denominador comum dos vinhos elaborados com uvas provenientes de “Vinhas Velhas” é a intensidade marcante dos aromas e dos sabores da uva original, o que justificaria o alto preço em relação aos vinhos de vinhas jovens.

Outro fator importante a ser levado em consideração quando nos referimos às “Vinhas Velhas” é que tais videiras estão presentes em áreas de terrenos arenosos, resistentes ao maior pesadelo dos viticultores: a devastadora praga Phylloxera. Portanto, elas são uma fonte inesgotável de mudas originais e autênticas, utilizadas como porta-enxerto. As “Vinhas Velhas” geralmente tem um crescimento menos vigoroso e não necessitam de podas radicais para manter a produtividade, o que as tornam menos propensas ao ataque por fungos e outras pragas capazes de aniquilar grandes áreas cultivadas com as espécies mais jovens.

Tradição ainda é um dos mais importantes fatores que mantêm fiéis apreciadores e consumidores de bons vinhos, que garantem a sobrevivência dos zelosos, persistentes e — por que não dizermos — teimosos produtores de vinhos de alta qualidade, que sempre encontram um lugar para colocar com facilidade o fruto de um árduo trabalho, ano após ano. Temos visto e acompanhado vários exemplos de “vinhos modernos”, elaborados com uvas de videiras jovens e que chegam até nós com muita pompa e supervalorizados, mas que tem uma curta existência e logo caem no esquecimento.

Vinhos de videiras velhas ou jovens? Um tema controverso, uma partida de xadrez que, ao terminar em empate, garante uma vitória para os dois lados. Um bom final de semana para todos nós.

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