Vinhos gregos - 1
João Roberto
27 Mai 2011 11:22
Muitas vezes, a falta de conhecimento nos priva das muitas coisas boas que a vida tem a oferecer, entre elas, estão os vinhos gregos. Talvez isso aconteça porque a maneira como essas bebidas são abordadas naquele país seja mais holística do que a forma com que as abordamos no Novo Mundo, onde a harmonização impera somente com o prato que está à nossa frente e não com as raízes e a cultura que lhe deu origem.
O vinho, principalmente na Grécia e igualmente em muitos outros países europeus, impõe-se como uma parte de um componente cultural. Essa característica torna muito mais agradável sua apreciação dentro de um contexto histórico construído ao longo dos séculos e preservada.
A Grécia é um dos raros países onde a cultura, a história, os vinhos e a cozinha ainda andam de mãos dadas, pois eles, ao lado de seus filósofos e seus arquitetos, mantêm uma tradição milenar que se recusa a morrer.
Foram os gregos que, há mais de 15 séculos, descobriram que o vinho quando está em contato com o ar se transformava em vinagre. Assim, criaram maravilhosas ânforas de barro não poroso para armazená-los e, posteriormente, vedaram a entrada de ar pela abertura desta mesma ânfora com uma resina extraída dos pinheiros, colocada diretamente em contato com o vinho, que deu origem ao nome de um de seus vinhos de Retsina, muito apreciado até hoje. Naquela ocasião, os romanos ficaram tão impressionados com a descoberta dos viticultores gregos que chegaram a importar, durante muitos anos, os vinhos produzidos na Grécia para o seu consumo.
O clima Mediterrâneo típico e sua proximidade com o mar favoreceu a preservação e a expansão de suas Vitis vinifera nativas conservando até hoje suas características originais, dando a oportunidade de que, ao apreciarmos os vinhos gregos, possamos sentir a essência íntima de um vinho que preserva dentro de si um pouco de filosofia, cultura e história, uma raridade entre nós atualmente.
As quatro variedades mais conhecidas de uvas gregas têm nomes tão intrigantes quanto os aromas e sabores que impregnam e distinguem seus vinhos: Assyrtiko, Moschofilero, Argiorgitiko e Xinomavro.
Vinhos gregos acessíveis e de excelente qualidade podem ser encontrados entre nós e apreciados com os típicos “Mezethes”, onde tomates, pimentões, cebolas, azeitonas Kalamata, azeite, orégano grego e especiarias nos transportam a um mundo de sonhos e de duras realidades em que podemos participar ao assistirmos a um dos mais belos filmes que já cruzou os caminhos por mim percorridos: “O Tempero da Vida”. Um bom final de semana para todos nós.
