Vinhos portuguese no Brasil
João Roberto
09 Ago 2013 09:00
O reinado dos vinhos apreciados pelos brasileiros durante longas décadas pertencia aos produtores portugueses, seguido de perto pelos italianos, com destaque para os provenientes da região do Douro, onde predominavam os vinhos fortificados do Porto, os Chianti da região da Toscana, ao Norte, e os da Sicilia, ao Sul da Itália.
Gradativamente a partir dos anos 80, os vinhos de mesa dos dois países perderam a corrida contra a invasão dos franceses, dos chilenos, dos argentinos e dos australianos. Portugal, pela força do marketing dos outros países, enveredou-se para a produção de vinhos do estilo bordaleses, deixando para trás as raízes vinícolas ancestrais. Mas os resultados não foram os esperados e ficaram muito longe de serem satisfatórios, com exceção de alguns poucos vinificados com as variedades francesas Syrah e a Chardonnay.
Acordados para esta realidade e em busca do tempo perdido, os produtores portugueses voltaram a atenção para as castas nativas, conservando dos franceses as técnicas de vinificação e a modernização do plantio e da colheita de suas vinhas e videiras. A partir da safra de 2001, as diferentes regiões vinícolas de Portugal têm nos oferecido vinhos de altíssima qualidade, elaborados com as castas nativas, causando inveja a produtores do resto do mundo — a ponto de que alguns países do Novo Mundo estão se enamorando e cultivando sua casta tinta rainha, que é a excepcional Touriga Nacional.
Alguns poucos vinhos portugueses ainda não atingiram o refinamento e a elegância que esperamos encontrar nos rótulos de altíssima qualidade e ainda não reduziram as antigas características de vinhos excessivamente tânicos, ásperos e de alta acidez. Atualmente, porém, existe uma rápida conscientização desses fatores negativos, seguidos de um posicionamento altamente positivo pela grande maioria dos produtores das 32 regiões vinícolas demarcadas, com destaque para o Alentejo e o Douro, seguidas de perto por Dão, Bairrada, Ribatejo, Estremadura, Vinho Verde e Setúbal, entre outras.
Para nossa alegria, os vinhos portugueses estão, a cada dia que passa, ocupando um lugar de destaque entre outros importados e se colocando ao lado dos bons vinhos brasileiros, tanto pelas qualidades quanto pela acessibilidade em termos de valores de aquisição. O primeiro critério para apreciarmos estes vinhos é iniciar pela região de origem e pelas castas das uvas, sempre descritas no informativo rótulo localizado na parte traseira da garrafa. Ali, encontraremos um selo de origem e os nomes mais “estranhos” e pouco conhecidos de casta viníferas, como Castelão, Roupeiro, Rabo de Ovelha, Trincadeira, Alfrocheiro, Baga, Periquita, entre muitas outras.
Em nossa caminhada futura pelos vinhos portugueses no Brasil, conheceremos mais de perto algumas destas castas mais importantes, com suas características típicas. Até lá e um bom final de semana para todos nós.
