Vinhos: uma nova fronteira -1

Vinhos: uma nova fronteira -1

A hegemonia dos países da Europa na produção de vinhos de alta qualidade com a variedade Vitis vinifera era total, há mais de 150 anos, quando, então, uma nova fronteira se abriu, estabelecendo uma migração em direção ao Novo Mundo. O desafio de produzir vinhos de qualidade semelhante ou melhores do que aqueles da terra-mãe era grande.

Para conquistar um lugar entre os apreciadores dos vinhos europeus, uma estratégia inicial seria a produção de vinhos tintos ao estilo de Bordeaux, Bourgogne e Rhône. Iniciou-se, assim, um século e meio atrás, a migração e o cultivo das principais variedades nobres que reinavam e ainda reinam atualmente nas três regiões: a Cabernet Sauvignon, a Pinot Noir e a Syrah, utilizando técnicas de cultivo e vinificação de seus viticultores.

A grande maioria dos produtores e consumidores olhava este empreendimento como sendo uma aventura sem maiores consequências. Os produtores franceses acreditavam piamente na palavra instituída por eles, o “terroir”, que significava que sem o solo e o clima adequado, o desenvolvimento das variedades nativas europeias seria uma missão impossível.

Na realidade, a história dos vinhos do Novo Mundo seguiu um caminho oposto ao previsto pelos produtores europeus e estava aberta uma Nova Fronteira para os vinhos, não somente tintos como, posteriormente, os elaborados com as variedades brancas encabeçadas pela Chardonnay, da Bourgogne.

O discutido termo “terroir”, utilizado de maneira universal, ainda exercia um forte poder. Acreditava-se piamente que as variedades Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Syrah e, posteriormente, a Chardonnay, entre várias outras, jamais produziriam vinhos de qualidade quando cultivadas fora de seus redutos nativos.

Em 1976, em Paris, oficialmente se reconheceu a qualidade e a competividade dos vinhos do Novo Mundo em um “confronto” entre os vinhos californianos Stag´s Leap Wine Cellars Cabernet Sauvignon 1973 e Ridge Montebello 1971 foram os vencedores contra dois, dos mais famosos vinhos tintos franceses, Château Mouton Rothschild 1970 e Haut Brion 1970. O confronto ocorreu em uma degustação às cegas onde também estava presente o Chardonnay Montenela, que conquistou o mesmo título dos tintos californianos, um polêmico feito  relatado no livro O Julgamento de Paris, de George Taber, publicado no Brasil pela Editora Campus, posteriormente transformado em um filme do mesmo nome. Aqui fica um convite para atravessarmos, nas próximas semanas, esta Nova Fronteira que definiu claramente os seus limites. Um bom final de semana para todos nós.

Dr. João Roberto
Food & Wine Styling and Photography
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