As faces diabólicas da desigualdade humana (IV)

As faces diabólicas da desigualdade humana (IV)

Os dados estatísticos, e os levantamentos, apresentados em publicações acerca da desigualdade humana, fornecem material e fundamentos necessários para explorar a extensão das disparidades globais contemporâneas a partir de diferentes perspectivas. Não é claro se a desigualdade global tem aumentado ou diminuido durante as últimas décadas. Alguns aspectos da desigualdade global (por exemplo, taxas de analfabetismo e de expectativa de vida) têm diminuído, mas muitos outros têm aumentado. De qualquer maneira, as disparidades em todos os aspectos das condições humanas registradas nestas publicações têm persistido, no mínimo, desde a II Guerra Mundial. Os pesquisadores e os estudiosos têm explorado os problemas deste desigual desenvolvimento econômico e a desigualdade, bem como, discutido as causas destes fenômenos, mas eles não têm sido hábeis em concordar sobre qualquer explicação teórica coerente e testável.

Muitas têm sido as teorias explicativas aventadas para explicar as causas das desigualdades de renda e da riqueza entre as nações. Na literatura podemos encontrar algumas teoriasque buscam esclarecer o fato. A primeira delas é a teoria do clima, originalmente avançada por Charles de Montesquieu, que propôs que climas temperados são mais favoráveis para o desenvolvimento econômico do que os climas tropical e semi-tropical. Em segundo, tem-se as teorias geográficas, que tentam explicar o desenvovimento econômico em termos da localização geográfica. Em terceiro est, as teorias da modernização que consideram o desenvolvimento econômico como um processo de modernização pelo qual todas as nações eventualmente passarão. Em quarto estão as teorias psicológicas de Max Weber e David McClelland, que propuseram que os valores psicológicos, e as motivações de uma população, são os fatores principais responsáveis pelas diferenças nacionais nas rendas e na riqueza. Em quinto estão as teorias que posicionam a “cultura” como o fator crucial. Em sexto estão as teorias da dependência, que afirmam que a pobreza do “Terceiro Mundo” é causada pelo sistema capitalista internacional. Em sétimo está a teoria neoclássica, ou teoria econômica de mercado, que sustenta a crença de que mercados livres constituem o elemento-chave para o desenvolvimento econômico. Finalmente, em oitavo, estão as teorias multi-causais que posicionam que um número variado destes e outros fatores estão envolvidos no processo

Por sua vez, outros cientistas sociais têm arguido que o “capital humano”, significando a qualidade da população, juntamente com educação, letramento, habilidades e saúde, é um fator significativo no desenvolvimento econômico. Um exemplo? A disparidade entre as nações ricas e as nações pobres que, mesmo em nível mais elevado, ainda acreditam ser possível reduzir a desigualdade global através de investimentos em larga-escala na educação primária e nos cuidados de saúde básica que, certamente, seriam especialmente importantes. Outros salientam que a formação do capital humano é tanto uma causa quanto uma consequência do desenvolvimento econômico. Eles dizem que a formação do capital humano “refletido nos melhoramentos da nutrição e saúde, bem como em ganhos no conhecimento e habilidades, não apenas traduzem-se em aumentada produtividade, mas diretamente enriquece a qualidade de vida”.

Em recentes livros textos, vários estudiosos discutem as várias teorias do desenvolvimento econômico, o problema da pobreza no mundo e a disparidade entre os países ricos e os países pobres. A lista de fatores explicativos inclui fatores culturais, históricos, psicológicos, atitudes, motivações, colonialismo, sistema mundial, termos de comércio, capitalismo imperialista, valores, dependência, fatores externos, condições geográficas e climáticas, poupança e formação de capital, o papel do estado, diferenças nos sistemas econômicos, erros de política estatal, crescimento populacional, viés urbano, fatores tecnológicos, habilidades de gestão e técnicas, capital humano e vontade política. É possível que todos estes fatores mencionados nestes estudos e análises sejam relevantes, ao menos em alguns contextos, mas acreditamos que eles não sejam suficientes para explicarem o problema das disparidades no desenvolvimento econômico entre as nações.

 

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