Obesidade e dores de cabeça: uma forte correlação

Obesidade e dores de cabeça: uma forte correlação

               Individualmente, tanto a obesidade quanto a dor de cabeça são condições associadas com um grande impacto social e pessoal. A prevalência da obesidade tem globalmente aumentado nas últimas décadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, a prevalência geral do Índice de Massa Corporal (≥30) aumentou de 33% nas mulheres e 27% nos homens em 1999-2000 para 35% nas mulheres e 32% nos homens em 2007-8. Do mesmo modo, a obesidade abdominal tem aumentado substancialmente na última década. Por sua vez, a dor de cabeça, de modo geral, é uma queixa incrivelmente comum. A prevalência global de dor de cabeça de todos os tipos é 65%para homens e 69% para mulheres, enquanto o período de prevalência de 1 ano é, aproximadamente, de 37% para homens e 52% para mulheres. Por adição, em ambos os sexos, enxaqueca, que é uma das formas de dor de cabeça, é mais prevalente naqueles em idade reprodutiva, entre 20 e 50 anos de idade.

                Estudos recentes têm reconhecido que dores de cabeça, em geral, e enxaqueca, em particular, são comorbidades com várias desordens psiquiátricas, como, por exemplo, depressão e estresse pós-traumático adicionadas a outros quadros clínicos, tais como, epilepsia e acidente vascular cerebral. De fato, estudos populacionais têm identificado, consistentemente, uma associação entre obesidade e dores de cabeça em geral, bem como, com enxaqueca, especificamente. O risco de doença associada a obesidade inclui tanto a enxaqueca crônica quanto a episódica, com obesidade ser estimada, especificamente, em aumentar o risco de enxaqueca em 40-80%, com esse risco aumentando com um crescente status da obesidade de peso normal a sobrepeso e, deste, a obesidade. Ademais, o risco da doença obesidade-enxaqueca é modificado pela idade, sendo maior naqueles em idade reprodutiva, no qual a idade em que dores de cabeça e enxaqueca são mais comuns e potencialmente mais incapacitantes.

                Por sua vez, a associação entre obesidade e dores de cabeça tensionais é menos robusta, sendo, esta associação, mais forte naqueles com dores de cabeça tensionais crônicas, quando comparadas a dores de cabeça tensionais episódicas. Neste mesmo raciocínio, hipertensão intracranial idiopática, desordem de dor de cabeça secundária e muito comum, é significativamente associada com obesidade, bem como, com processo de ganho de peso. Em conjunto, esses dados sugerem que é muito importante para os clínicos tratar seus pacientes quando apresentando dores de cabeça, particularmente enxaqueca, e, em sendo obesos, ou em risco de se tornarem obesos, estarem conscientes das consequências da associação dores de cabeça x obesidade, atentos para a mutabilidade das mesmas.

                As mensagens principais desses estudos podendo serem assim sumariadas: a) obesidade é comórbida tanto em enxaqueca crônica quanto em enxaqueca episódica; b) o risco de enxaqueca pode ser mais forte naqueles em idade reprodutiva; c) o risco de enxaqueca, em geral, aumenta com o tipo de aumento da obesidade, indo de normal a sobrepeso, chegando a obeso, d) se a relação obesidade-enxaqueca é dose-dependente à frequência da dor de cabeça, ainda não está estabelecido, e e) obesos, com enxaqueca episódica, têm risco mais elevado de cronificação da enxaqueca do que os com enxaqueca episódica não obesos.

 Importante lembrar que, como a relação de risco obesidade-enxaqueca é moderada, e tanto uma quanto outra são potencialmente modificáveis, médicos e pacientes devem estar conscientes de que estilos de vida saudável podem manejar com sucesso esta relação.

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